Somos mesmo um país que gosta de ser enganado. Sabemos que um indivíduo que vai para o Governo não pode exercer funções numa empresa que tinha antes de ser eleito, mas se esta for passada para terceiros, mesmo sabendo que ele estará sempre por perto, já está tudo bem…
Isto quer dizer que se a empresa da família do primeiro ministro tivesse sido passada na totalidade para os seus filhos, em vez de a deixar em nome da sua esposa, porque partilham os bens, não haveria problema, uma vez que não foi e o primeiro ministro continuava a usufruir porque é casado, já há problema. E se fizesse como tantos outros que se divorciam, por causa de dívidas ao fisco, mas continuam a ser eles os donos das empresas?
Com tudo isto não quero de modo algum defender o Primeiro Ministro, até considero que Montenegro é o grande culpado porque poderia ter solucionado o problema apresentando toda a documentação da empresa de forma clara e transparente, na verdade nem votei nele. Há uns anos a esta parte só voto em quem me oferece melhor qualidade de vida e, verdade seja dita, quer o PSD ou o PS nunca os via a lutar verdadeiramente pela carreira docente. Como um tipo depois dos 40 deixa de ser tão otário, quem não nos ajuda também não merece ajuda. Claro que tenho que reconhecer que Montenegro trouxe um Ministro da Educação com muita determinação e trouxe justiça aos professores, mas também outros ministros a outras classes, o que merece elogio pela maior tranquilidade social. Isto não é suficiente, muito menos chegará, basta olhar para a problemática das habitações que a todos nos deve preocupar, mas seria o ponto de partida para muitas outras medidas que poderiam melhorar a vida dos portugueses.
Voltando ao assunto inicial, não me parece transparente que alguém que vá para ministro tenha que deixar as suas empresas, mas seria bem mais justo que estas fossem obrigadas a declarar tudo o que entra e sai de modo a que se perceba se há benefícios especiais. Agora pensar que lá por não ter os seus nomes como gestores já está tudo claro, só porque passam as empresas para uns amigalhaços que servirão como testas de ferro, é caso para dizer: engana-me que eu gosto!