A hora vai já adiantada e estamos num dilema. A inspiração parece não querer nada connosco ou talvez o pensamento esteja já em ‘modus natalício’. Parece que tudo das nossas vidas mundanas deixa de ser importante nesta época. E se fosse assim o ano todo?
Na Antiguidade Clássica paravam-se as guerras para assistir aos
festivais. A sua importância era tal que as tréguas eram religiosamente
cumpridas durante o decurso das celebrações. A época natalícia não é muito
diferente. Mas aqui as tréguas não se fazem por decreto. Nem por imposição
forçada. E muito menos por terceiros. As nossas tréguas são pessoais. São mais
elevadas. É o nosso espírito que coloca as regras e estabelece os limites.
Os valores. As prioridades. As ambições. Tudo. Tudo mesmo passa para
segundo plano. Às vezes até para terceiro ou quarto. O que realmente importa
está ali. Uma mesa cheia de tudo, mesmo se quase nada tiver em cima. Mas basta
o mais simples da horta para uma harmonia plena.
E se as nossas prioridades se centrassem na mensagem de Natal? Muito
severamente estaríamos bem mais comprometidos com tudo o resto! As exigências
ao mundo seriam coletivas e haveria Natal em todas as casas.