Justiniano levanta-se assustado com o estrondo ensurdecedor que se fez sentir. A chuva, o vento e a continuada trovoada precipitam os tremores na Joaninha, a filha da criada mais antiga da casa, levando-a a correr de um lado para o outro como um pássaro atordoado à procura de abrigo. A sala fica de repente iluminada e Justiniano tenta acalmar Joaninha com as suas palavras sábias na arte do conhecimento das precipitações da natureza. A sua passagem pelo curso de Literaturas Clássicas em Coimbra tornava a sua elocução uma lei inquestionável.
No outro lado da casa,
bem longe do centro de todas as atenções, a mãe de Joaninha dava-se ao desfrute
com o Pároco da aldeia, relação que já se prolongava há anos, mas, a todo o
custo, o plano que engendraram, em colocar D. Prazeres como uma senhora
extremamente escrupulosa, continuava a ser muito esclarecedor e ninguém ousava
questionar as visitas do Pároco repetidas vezes por semana à Casa Grande, mesmo
que essas visitas se dessem durante a noite.