Avizinham-se
tempos difíceis para a Escola!
São cada vez
mais as notícias sobre o flagelo em que se transformou a escola portuguesa.
Milhares de alunos sem professores. Escolas degradadas e sem funcionários suficientes.
Alunos à deriva sem perceber o que fazem ali. E, depois, há os que continuam a
querer aprender porque sabem que só assim podem evoluir nas suas opções
vocacionais.
Há de tudo!
Menos, professores e funcionários suficientes, claro! Até já há Câmaras
(Lisboa, Oeiras e Faro) a pedir soluções ao governo, pois já se aperceberam que
podem ficar com milhares de jovens nas ruas, porque não têm professores para os
orientarem... depois serão os pais, que não sabem onde os depositarem, mas tudo
a seu tempo!
Sou muito a
favor da Escola pública, em primeiro lugar. Depois, sou ainda mais a favor da
oportunidade para todos. Mas em terceiro, e não menos importante, sou a favor
de deixar aprender quem realmente quer aprender. E, por esta última razão,
considero que deveria existir um ajustamento ao atual sistema de ensino. Com
isto não quero, de modo algum, deixar de apostar numa educação inclusiva. Há
alunos com Necessidades Educativas Especiais que, devidamente acompanhados, são
capazes de ultrapassar muitas barreiras e começar a acompanhar os demais
colegas. Mas há aqueles em que a Escola não lhes diz nada e só estão na sala de
aula para não ter falta. E perturbam. E recusam-se a trabalhar. E não fazem
mesmo nada, por mais estratégias que se criem. Não estariam melhor estes alunos
em aulas práticas?
Parece que
vem aí uma nova onda. Sucesso máximo! Todos vão passar até ao nono ano. Será
mesmo assim?
Confesso que
nenhum diretor ou Ministro, por mais poder que possa ter, me vai fazer passar
um aluno que se recusa a trabalhar numa aula e só escreve o nome no teste
porque é obrigado a identificar a sua prova. Jamais! Até pode passar, mas será
administrativamente e nunca porque a minha pessoa lhe atribuiu uma nota
positiva.
Ao contrário,
um aluno que até possa ter uma prova menos boa, mas mostra empenho e interesse
em resolver os exercícios que lhe são propostos, poderá evoluir para outro
nível de ensino sem problema, afinal existiu o que mais importa no
ensino-aprendizagem, ou seja, a capacidade de questionar o problema e a
tentativa da solução do problema.
Eu não quero
que o meu filho tenha um ensino facilitador, mas quero que ao meu filho lhe
seja dada a oportunidade de aprender as regras para que ele depois possa criar
a sua própria linguagem.
Se as leis
deixassem de ser pensadas nos gabinetes de Lisboa e fossem construídas a partir
das salas de aulas, certamente que o ensino melhorava sem problema. Mas todos
sabemos que é bem mais cómodo construir projetos idealistas, no quentinho do ar
condicionada, do que realistas, no frio dos corredores.