terça-feira, 22 de outubro de 2019

E quem ganhou as eleições?


Os mesmos de sempre!
E vamos lá voltar à normalidade das nossas vidinhas. Acabou a campanha. As feiras serão menos concorridas, as televisões lá terão de voltar ao reality show e o facebook deixará de ter tanto insulto na defesa dos líderes partidários. Não têm nada a dizer sobre os preços exorbitantes que se paga na água ou no lixo, nem coragem têm para apontar os defeitos da rua onde vivem, mas para defender os tipos de Lisboa, aí até se põem em bicas de pé…
É claro que estive a olhar com atenção para os resultados que iam chegando. É também evidente que acompanhei as sondagens e, mais ainda, os discursos e debates dos principais partidos. Ter estudado Aristóteles dá-nos essa vontade analítica do discurso político. É uma espécie de jogo intelectual, não só nas temáticas selecionadas, mas também na construção frásica, no uso da acentuação própria, meticulosamente escolhida, para chegar bem firme no recetor.
Depois chega o mais prático da questão: quem ganhou afinal as eleições? Nada de novo! Nem PS, nem PSD, nem Bloco, nem PCP ou Verdes, Nem CDS… talvez os novos e não será por muito tempo. Quem ganhou foram os mesmos. Os mesmos de sempre. Os operários da maior empresa portuguesa subsidiada pelo dinheiro de todos nós, a Assembleia da República!
Foram eles. Os mesmos. Os mesmos nomes. Mandato após mandato.
É isto a que chamam de democracia portuguesa?
Prefiro a originária. A helénica. Onde todos participavam. Mas pronto, a abstenção continua a aumentar e não sabem como fazer? Eu, que até já encostei as chuteiras partidárias, deixo uma ideia que já lancei aos representantes dos principais partidos na Assembleia: “Qualquer cidadão, atingindo a maior idade, pode candidatar-se à Assembleia de Freguesia, assembleia Municipal, Câmara Municipal, Assembleia da República e/ou Parlamento Europeu mas, sendo eleito, só poderá exercer funções no mesmo órgão (Assembleia de Freguesia, Junta de Freguesia, Assembleia Municipal, Câmara Municipal, Deputado à Assembleia da República e Deputado ao Parlamento Europeu) até ao máximo de dois mandatos seguidos, sendo que poderá candidatar-se a órgãos que não esteve ligado. Após um período de nojo de um mandato, poderá voltar a candidatar-se a cargos já desempenhados”.
No final de tudo contadinho, ninguém saiu com a maioria e eu fiquei contente. As maiorias embrutecem… assim terão de ser mais humildes e negociar com outras forças partidárias. Também gostei que o PS ficasse refém do BE e/ou da CDU, pois só assim estarei certo que serão mesmo obrigados a olhar mais para as injustiças sociais.