Os mesmos de
sempre!
E vamos lá
voltar à normalidade das nossas vidinhas. Acabou a campanha. As feiras serão
menos concorridas, as televisões lá terão de voltar ao reality show e o
facebook deixará de ter tanto insulto na defesa dos líderes partidários. Não
têm nada a dizer sobre os preços exorbitantes que se paga na água ou no lixo,
nem coragem têm para apontar os defeitos da rua onde vivem, mas para defender
os tipos de Lisboa, aí até se põem em bicas de pé…
É claro que
estive a olhar com atenção para os resultados que iam chegando. É também
evidente que acompanhei as sondagens e, mais ainda, os discursos e debates dos
principais partidos. Ter estudado Aristóteles dá-nos essa vontade analítica do
discurso político. É uma espécie de jogo intelectual, não só nas temáticas
selecionadas, mas também na construção frásica, no uso da acentuação própria,
meticulosamente escolhida, para chegar bem firme no recetor.
Depois chega
o mais prático da questão: quem ganhou afinal as eleições? Nada de novo! Nem
PS, nem PSD, nem Bloco, nem PCP ou Verdes, Nem CDS… talvez os novos e não será
por muito tempo. Quem ganhou foram os mesmos. Os mesmos de sempre. Os operários
da maior empresa portuguesa subsidiada pelo dinheiro de todos nós, a Assembleia
da República!
Foram eles.
Os mesmos. Os mesmos nomes. Mandato após mandato.
É isto a que
chamam de democracia portuguesa?
Prefiro a originária. A helénica. Onde todos
participavam. Mas pronto, a abstenção continua a aumentar e não sabem como
fazer? Eu, que até já encostei as chuteiras partidárias, deixo uma ideia que já
lancei aos representantes dos principais partidos na Assembleia: “Qualquer cidadão, atingindo a maior idade, pode
candidatar-se à Assembleia de Freguesia, assembleia Municipal, Câmara
Municipal, Assembleia da República e/ou Parlamento Europeu mas, sendo eleito,
só poderá exercer funções no mesmo órgão (Assembleia de Freguesia, Junta de
Freguesia, Assembleia Municipal, Câmara Municipal, Deputado à Assembleia da
República e Deputado ao Parlamento Europeu) até ao máximo de dois mandatos
seguidos, sendo que poderá candidatar-se a órgãos que não esteve ligado. Após
um período de nojo de um mandato, poderá voltar a candidatar-se a cargos já
desempenhados”.
No final de tudo contadinho, ninguém saiu com a maioria
e eu fiquei contente. As maiorias embrutecem… assim terão de ser mais humildes
e negociar com outras forças partidárias. Também gostei que o PS ficasse refém
do BE e/ou da CDU, pois só assim estarei certo que serão mesmo obrigados a
olhar mais para as injustiças sociais.