A campanha termina hoje. Amanhã é dia de reflexão. Domingo são eleições. Na segunda é
preciso arrumar a propaganda, até porque está já à porta uma outra eleição.
Todas as campanhas são
alvo de muitas análises e estudos. A coloquialidade no discurso. A apresentação
física dos candidatos. Os cartazes. Os debates. A prestação dos aparelhos
partidários. Enfim… há muito em jogo e o marketing tem de ser visto ao
pormenor.
Numa análise, muito pouco
cuidada, confesso, aos principais elementos destas legislativas, há três pontos
que merecem atenção:
1 – A prestação da
Coligação PSD/CDS começa com alguns tropeços mas vai de forma crescente.
Recorrer ao passado, a um assunto que muita dor de cabeça deu aos portugueses,
não foi de todo inteligente. Quem trouxe ou deixou de trazer a ‘troika’ já não
importa mais… até porque há responsabilidades dos dois partidos mais votados na
Assembleia da República… o que importa é não se voltar a fazer o mesmo e para
isso, o que agora está em questão, é o futuro que importa discutir. Aqui o PS
ganha pontos, porque Passos não largava o assunto. Costa soube muito bem
aproveitar isso. Já o debate da rádio vira as coisas. Passos pega em assuntos
quentes como a Segurança Social e Costa não está preparado à altura para
responder. Este momento vem dar novo alento à Coligação e, a partir daí, foi só
somar… claro que tudo isto deve-se a muito trabalho na comunicação partidária... se atentarmos sobretudo nas Redes Sociais, esta foi muito bem trabalhada!
2 – Na coligação e nos partidos
menos votados (CDU, BE, Livre, PDR) é importante destacar sobretudo a figura de Jerónimo de Sousa, o seu tom combativo mas ao mesmo tempo bem firmado, como é
apanágio do PCP, e a transmissão de confiança. Jerónimo de Sousa, o avozinho da
política portuguesa, portou-se como um verdadeiro Ancião. O Chefe. O homem mais
velho da tribo portuguesa. Marinho e Pinto ainda tentou o seu discurso
característico, mas nestas eleições as pessoas votam por distrito… não são as
europeias… Julgo que se devia ter candidatado por Lisboa, se é que queria mesmo
ser eleito, ainda que o PDR tem mais a ganhar se conseguir um ou dois deputados
que não sejam Marinho e Pinto, porque assim poderá ter voz na Assembleia e no
Parlamento Europeu. Se o conseguir é uma grande vitória. O Livre foi
inteligente ao falar na união da esquerda. Mostra a abertura que nunca
aconteceu até agora nos partidos mais à esquerda. Por fim, o BE é a surpresa
mais agradável nesta campanha.
3 – O BE surpreendeu-me.
Diria antes, Catarina Martins é uma grande e agradável surpresa. A mulher preparava-se
muito bem para os debates. Rodeou-se ainda melhor com as suas camaradas. O BE
conseguiu mostrar a tal renovação que procuravam.
Domingo há eleições. Vamos votar. Há mais partidos e movimentos para além dos que estão aqui... mas se não servirem, o voto em branco também tem significado. Mas votar significa que queremos continuar a ter voz... 'continuar na mesma e são todos iguais' não serve de argumento, até porque o voto é individual... cada um pode e deve usá-lo como muito bem entende!