sexta-feira, 2 de outubro de 2015

As caravanas estão quase a estacionar

 A campanha termina hoje. Amanhã é dia de reflexão. Domingo são eleições. Na segunda é preciso arrumar a propaganda, até porque está já à porta uma outra eleição.
Todas as campanhas são alvo de muitas análises e estudos. A coloquialidade no discurso. A apresentação física dos candidatos. Os cartazes. Os debates. A prestação dos aparelhos partidários. Enfim… há muito em jogo e o marketing tem de ser visto ao pormenor.
Numa análise, muito pouco cuidada, confesso, aos principais elementos destas legislativas, há três pontos que merecem atenção:
1 – A prestação da Coligação PSD/CDS começa com alguns tropeços mas vai de forma crescente. Recorrer ao passado, a um assunto que muita dor de cabeça deu aos portugueses, não foi de todo inteligente. Quem trouxe ou deixou de trazer a ‘troika’ já não importa mais… até porque há responsabilidades dos dois partidos mais votados na Assembleia da República… o que importa é não se voltar a fazer o mesmo e para isso, o que agora está em questão, é o futuro que importa discutir. Aqui o PS ganha pontos, porque Passos não largava o assunto. Costa soube muito bem aproveitar isso. Já o debate da rádio vira as coisas. Passos pega em assuntos quentes como a Segurança Social e Costa não está preparado à altura para responder. Este momento vem dar novo alento à Coligação e, a partir daí, foi só somar… claro que tudo isto deve-se a muito trabalho na comunicação partidária... se atentarmos sobretudo nas Redes Sociais, esta foi muito bem trabalhada!
2 – Na coligação e nos partidos menos votados (CDU, BE, Livre, PDR) é importante destacar sobretudo a figura de Jerónimo de Sousa, o seu tom combativo mas ao mesmo tempo bem firmado, como é apanágio do PCP, e a transmissão de confiança. Jerónimo de Sousa, o avozinho da política portuguesa, portou-se como um verdadeiro Ancião. O Chefe. O homem mais velho da tribo portuguesa. Marinho e Pinto ainda tentou o seu discurso característico, mas nestas eleições as pessoas votam por distrito… não são as europeias… Julgo que se devia ter candidatado por Lisboa, se é que queria mesmo ser eleito, ainda que o PDR tem mais a ganhar se conseguir um ou dois deputados que não sejam Marinho e Pinto, porque assim poderá ter voz na Assembleia e no Parlamento Europeu. Se o conseguir é uma grande vitória. O Livre foi inteligente ao falar na união da esquerda. Mostra a abertura que nunca aconteceu até agora nos partidos mais à esquerda. Por fim, o BE é a surpresa mais agradável nesta campanha.

3 – O BE surpreendeu-me. Diria antes, Catarina Martins é uma grande e agradável surpresa. A mulher preparava-se muito bem para os debates. Rodeou-se ainda melhor com as suas camaradas. O BE conseguiu mostrar a tal renovação que procuravam.

Domingo há eleições. Vamos votar. Há mais partidos e movimentos para além dos que estão aqui... mas se não servirem, o voto em branco também tem significado. Mas votar significa que queremos continuar a ter voz... 'continuar na mesma e são todos iguais' não serve de argumento, até porque o voto é individual... cada um pode e deve usá-lo como muito bem entende!