A vida é
feita de vaidades. Somos portugueses. Temos no sangue um bairrismo genuíno, mas
tantas vezes a roçar o parvo. Somos mais invejosos do que seria razoável, mas
felizmente não somos todos iguais.
Tudo isto
vem a propósito de uma conversa pela manhã com um grande amigo sobre a sua
exposição. Ambos facilmente notámos que não faltava lá malta ‘VIP’… e eu que
não sou ninguém, também me senti importante, só porque o meu amigo estava com
os holofotes da fama todos virados para ele.
Eu sou
mesmo um gajo diferente. Ou talvez não. Já me apercebi que há outras pessoas
assim e isso deixa-me feliz. Eu fico contente ao ver um amigo triunfar!
Reconheço
que isto não é muito normal em Portugal. Há uma máscara de dupla face: ora
comédia, ora tragédia. As pessoas não querem que o seu vizinho tenha sucesso.
Ou até querem, mas que o seu sucesso venha em primeiro lugar.
É nestes
momentos que mais agradeço a Deus pelos Pais que escolheu para me gerar.
Pessoas simples. Humildes. Pessoas que cresceram a palmo contra todas as
adversidades da vida, mas que nunca deixaram faltar nada lá em casa e de nos
pintar como os mais jovens das nossas alturas. É claro que as regras eram marca
importante para que tudo corresse bem. Gastar mais poderia representar alguma
dificuldade, mas hoje apercebo-me que tudo isso fazia parte de uma estratégia
educacional. Ajudar os mais débeis, não gozar com os colegas, mas pelo
contrário chamá-los para o nosso grupo, mesmo que ficássemos só, era a mais
distinta das condutas humanas.
Gosto muito
pouco que me tentem pisar. Detesto ameaças e afasto-me com naturalidade de intrujices.
Não suporto facadas nas costas e muito menos tentativas de aproveitamento para
atingir fins pessoais. Para mim, o coletivo ganha sempre.
Posso
não ser o melhor. Não sou. Mas se há algum valor na justiça social, na
simplicidade e na alegria, tudo isso foi-me dado pelos meus Pais. Obrigado!