"O Poder não se mede pelo que
podem fazer por nós, mas pelo
que nós podemos fazer pelos outros."
É claro que recorremos aos amigos, pelo menos pensamos que são, que até dizem umas coisas e estão lá na política, mas logo nos apercebemos que eles só querem é mesmo o seu bem-estar e os outros que se lixem com um 'F' bem grande...
Lá vamos nós. Currículos na mão, devagarinho no carro para não gastar muita gasolina porque só temos 5 euros que a nossa mãe tirou do porta moedas para nos dar, é que ela sabe bem que não podemos devolver, tocámos à campainha e somos dirigidos para a secretaria onde uma senhora simpática nos recebe e diz que podemos deixar o currículo com ela...
O regresso a casa, entre lágrimas desesperantes, é acalmado com aquela música que nos vem salvar numa rádio que já é mais nossa companhia do que a nossa família porque passamos o tempo na estrada à procura do que ninguém tem para nos oferecer.
Vamos desesperando dia após dia... a pressão familiar é tanta que já não sabemos responder com o jeito que eles merecem... até que decidimos, mais uma vez, pedir auxílio a outro, pensámos, amigo que foi nomeado para um cargo público. As suas recomendações são as melhores e o grau de confiança aumenta, até chegar ao destino e ouvir de uma funcionária mal amada que ali 'não é a Santa Casa da Misericórdia'.
Foda-se!
Se eles não podem, posso eu... Mochila às costas e partimos em busca do acaso. Limpar pratos? Servir às mesas? Corrigir textos? Dar explicações? Limpezas? Nada... ninguém precisa de nós... a fome aperta.
- Uma sopa, por favor. 1 euro. - Não quer mais nada? - Não, obrigado!
Querer, até queria, mas o dinheiro já é pouco e ainda tenho de apanhar o autocarro. O bilhete custa 18 euros e só tenho 20. E se fico doente?
Não, isto não vai mais acontecer.
- Boa tarde!
- Desculpe, mas agora não tenho tempo.
- Desculpe mesmo, só 1 minuto, por favor. Acho que tenho uma ideia interessante para a sua empresa.
- Como assim? Nem cá trabalha.
- A minha proposta pode não ser inovadora, mas gostava de lhe mostrar que pode inovar em alguns aspetos e rentabilizar mais os recursos, o que significará um aumento de capital e nem precisa investir...
- Sente-se, por favor...