Estarão os métodos de ensino mesmo desajustados da realidade?
Há uns anos a esta parte parece que só era considerado
bom professor quem enveredasse por usar muitos recursos digitais. As reuniões
eram todas à volta de mais um projeto lançado às feras e lá apareciam as
célebres frases feitas: ‘é o que os jovens querem…’. Como se de repente o que
se tinha feito durante anos a fio não fizesse mais sentido e as investigações
de pedagogia perdessem total credibilidade.
“Manuais digitais afinal podem prejudicar a
aprendizagem dos alunos” foi um dos títulos que mais me despertou a atenção na
comunicação social durante o fim de semana. Não consegui mesmo ficar
indiferente. Afinal, a tão endeusada tecnologia parece não ter assim tantos
benefícios, pelo contrário, até pode mesmo ser prejudicial. Mas era preciso
tanta coisa para perceber isto? Não servirão de nada os ensinamentos que temos
de tantos mestres de renome internacional quando nos apresentam os seus
cadernos riscados e os esboços em carvão?
A tecnologia é importante, sim, mas para auxiliar. Nunca substituir o lápis e o papel. Quer pela destreza de raciocínio, quer pela questão motora. Um bom Arquiteto faz sempre o esboço antes de qualquer projeto no digital. Um escritor também…
Mas o que realmente leva à desmotivação dos jovens?
A Lara de 15 anos responde: «… a educação é muito
exagerada, os horários muito cheios, muitas horas na escola. Muitos dos
adolescentes ganham ansiedade por causa da escola, muitos professores/pais
exigem muito de nós. Muitas vezes, além das oito ou nove horas que
passamos na escola, ainda temos que chegar a casa e estudar ou fazer trabalhos
durante horas, pouco tempo temos para descansar, conviver com a família ou até
fazermos as nossas coisas.»
A resposta à melhoria do sistema de ensino não será
difícil de encontrar. Reduzir o número de horas na Escola e permitir aos jovens
serem jovens. Mesmo que não possa ser uma passagem no imediato, até porque a
sociedade está desenhada para que os jovens fiquem nas escolas até ao regresso
de seus pais do trabalho, pelo menos criar um regime em que as aulas se
concentram num período do dia e o outro seja mais leve, ou para realizar alguns
trabalhos ou aplicar verdadeiramente os projetos que tantas vezes só servem para
enfeitar dossiers e justificar os milhões investidos pelo Estado.
A tecnologia é importante, sim, mas para auxiliar.
Nunca substituir o lápis e o papel. Quer pela destreza de raciocínio, quer pela
questão motora. Um bom Arquiteto faz sempre o esboço antes de qualquer projeto
no digital. Um escritor também…
(In jornal Povo de Fafe)