quinta-feira, 7 de julho de 2016

“Carpe diem, quam minimum credula postero”

A vida junto ao mar é fabulosa. Não é menos junto ao rio, sobretudo quando há cascatas naturais ou pequenas levadas que deixam o pensamento em deslumbramento. O som das ondas do mar é mais repetitivo. Uma espécie de embalador num vaivém continuo…
   “Carpe diem, quam minimum credula postero” é uma expressão retirada do livro de Odes do poeta e filósofo romano Horácio Flaco. Este expressão significa “aproveita o dia de hoje e confia o mínimo possível no amanhã”. E é este sentimento que me tem invadido a alma, o espírito e sobretudo o corpo nos últimos tempos.
   Um livro, uma toalha e o bronzeador na mochila é o quanto baste para aproveitar as maravilhas naturais de umas e outras praias magníficas que vou descobrindo. Começo a acreditar que não preciso de muito para ser feliz. É claro que por trás de tudo isto está a realização profissional e o bem-estar pessoal, o que implica que ao nosso lado também os outros estejam bem, depois é só partir na aventura do dia a dia…
  Sentado a escrever este artigo. Acompanhado do facebook para acompanhar os posts que vão chegando, começo a pensar que há mais vida lá fora. E, ao contrário das outras vezes, não posso pegar na mochila e desfrutar do rio da aldeia… ou melhor, poder posso, mas o maltrato que lhe foi dado em tempos faz com que hoje seja pouco procurado. Quantos anúncios de projetos já se ouviram? Muitos… mas mesmo muitos… até projetos com outras freguesias. O certo é que nenhum avançou…
    Se está bem para a maioria, não está para mim. Se respeito? Obviamente. Agora, não me peçam mais para aguardar muito tempo sem tecer as minhas opiniões. Sair, conhecer e voltar ao ponto de partida é uma das missões mais enriquecedoras. Não só porque se conhece mais, mas também porque permite abrir horizontes. Contudo, se antes os anciãos estavam mais preparados para chefiar as comunidades, hoje já não estão mais, o grau de conhecimento sobre o mundo dos jovens é superior. Os jovens deixam as suas terras. Os jovens são obrigados a conhecer novos horizontes…
   As aldeias têm muitos recursos. Não têm todas uma praia, isso é mais do que sabido, mas têm hipóteses de tornar a vida dos seus habitantes bem mais agradável. Para isso, só bastava que os dirigentes políticos fossem mais criativos e ousados, se não são… continuemos a ‘aproveitar o dia’ noutras paragens!


in Jornal Povo de Fafe