sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Motivo de orgulho não é jantar com uma mulher diferente todos os dias, mas sim convencer a mesma a jantar connosco!

Dia dos namorados
Numa sociedade ainda muito dominada pelo homem, a postura do galã ou talvez do playboy é das poucas referências que a maioria dos homens tenta alimentar e de se gabar aos amigos. No percurso da adolescência para a juventude contabiliza-se a quantidade de cerveja e outros produtos menos lícitos, os mais velhos viram-se para as conquistas, embora muitas delas só obtidas pelo recurso ao dinheiro.


O dia de S. Valentim, assumido pela sociedade como o dia dos namorados, volta a servir de pretexto para que o comércio use a criatividade, principalmente os restaurantes, e atraia o maior número de casais possível para saborear uma ementa programada com pompa e circunstância. Desde logo se levanta a questão exagerada do preço do jantar, assim como as prendas para um dia que supostamente só é bom para o comércio, porque ‘o dia dos namorados é todos os dias’. Se deixarmos de lado esta pretensão comercial e nos concentrarmos mais no significado, verificamos que este dia não é descabido como também não é o dia do pai, o dia da mãe, o dia da criança, o dia do trabalhador e até o Natal. É mais que óbvio que são circunstâncias diferentes, mas todas têm a afetividade em comum e só por isso merecem ser comemorados. Agora, caberá a cada um escolher a forma de comemoração, será que só o que é caro é importante para mostrar a força e solidez do amor que um sente pelo outro? Às vezes, ou tantas vezes, um só gesto serve para demonstrar o que nunca se conseguiria dizer por palavras ou por presentes.
O dia dos namorados veio para ficar. Como a relação das pessoas deve ser assumida como compromisso para a eternidade. Talvez esta última frase seja vista como cada vez mais utópica, mas é precisamente aí que reside toda a essência de um relacionamento. Para que isto aconteça, as relações só duram neste tempo se existir um ambiente onde as pessoas se sentem bem, logo há a necessidade de cultivar diariamente o respeito mútuo e alimentar ‘a tal chama’ que faz brilhar a vida de duas pessoas. Até porque nos dias de hoje, motivo de orgulho não é mais jantar com uma mulher diferente todos os dias, mas sim convencer a mesma a jantar connosco!
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (10-02-2012)