sexta-feira, 6 de maio de 2011

Abençoada TROIKA, por que tardaste?


VENI, VIDI, VICIT
‘Cheguei, vi e venci’! Poderia ser este o lema da TROIKA, mas também poderia ser outro qualquer que indicasse uma atitude forte no que respeita às negociações. Se o medo estava instalado, as conclusões, que só se irão notar quando postas em prática, parecem trazer uma lufada de ar fresco ao país. Não se deve confundir o país e os políticos, porque a estes foi passado um atestado de incompetência, não porque não se entenderam mas porque sempre se entenderam de mais!
Com as medidas anunciadas, ao contrário do que vinha a anunciar o Primeiro-ministro demissionário, para quem o mundo é sempre cor-de-rosa, apercebe-se que a reestruturação de autarquias merecerá um decréscimo de funcionários, haverá a necessidade de várias privatizações e, de tanto agrado, a justiça será colocada no lugar. Na verdade, quem não sabia que as administrações autárquicas tinham gente a mais? Quem não sabia o que se passa com a Justiça em Portugal? Quem tem dúvidas das gestões feitas pelas empresas públicas e das apetecíveis regalias?
A TROIKA ‘chegou, viu e venceu’, porque precisávamos mesmo deles, porque não estávamos mesmo nada bem, porque eles têm dinheiro para emprestar e nós temos que acatar as suas regras. Se observarmos bem, nada mais é do que um empréstimo que nos obriga a ter encargos obrigatórios.
Com as eleições à porta, com a casa já planeada, esperamos que o novo governo seja muito mais inteligente na sua construção. Está na altura de um verdadeiro entendimento, nunca uma ‘unidade nacional’, porque essa já existiu e continua a existir entre os dois grandes partidos que combinam os lugares que cada um vai ocupar. É uma espécie de «não me faças mal enquanto governas porque a seguir vou para lá eu…». Este é o grande problema da sociedade portuguesa, ser demasiado bipolar. Seria importante que os partidos mais à esquerda ou mais à direita tivessem maior representatividade, pois obrigaria a uma constante negociação e, deste modo, os governantes não poderiam ser arrogantes.
Deste modo, esperamos que Portugal ‘ganhe juízo’ e que o próximo governo saiba acolher mais do que um ou dois partidos na governação. É preciso alargar a participação de todos os portugueses e isso só se consegue com a envolvência de ideias diferentes para tornar um país mais competitivo e com excelente aceitação no mercado internacional.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (06-05-2011)