
Muito sinceramente, apetece-me dizer até que enfim que a novela está a chegar ao fim! Não o digo com a maior das alegrias, mas também não esperava um final muito diferente. Houve um período que ainda duvidei que poderia existir algum entendimento, mas quem tem pressa de fazer aprovar uma proposta sem dela dar conhecimento prévio, não me parecia que se pudesse esperar algum diálogo possível.
Segundo o jornal I, Teixeira dos Santos ausentou-se das negociações para reunir com José Sócrates, logo, o que deixa a entender, é que este senhor não deu qualquer hipótese para aberturas, porque como já tinha dito «Não governamos com o orçamento dos outros». Pelos vistos, nem com o dos outros nem com nenhum, porque nesta ordem de trabalhos este já não será mais viável.
Este tipo de atitude, (quero, posso e mando), é característica de quem não sabe lidar senão com as suas próprias ideias e conceitos. Neste caso concreto, podemos afirmar mesmo que não sabe governar, nem com as suas nem com as dos outros. Se até aqui muito pouco me parecia sair do esquema ao qual fomos habituados, agora começo a ter algum receio do que possa advir de sucessivas (des)governações.
As pessoas estiveram quase sempre pacatas, embora com algumas manifestações populosas, mas nem por isso deixaram de eleger os mesmos para um segundo mandato. A partir de agora, quando os ordenados começarem a baixar e os subsídios cortados, quero ver se a reacção é a mesma. Para o bem da segurança pública, seja o FMI seja quem for, espero que haja uma intervenção profunda, a começar pelos altos cargos que pouco ou nada produzem e, principalmente, que obrigue a uma reformulação na classe política que não tem mais credibilidade e afasta os mais jovens como quem foge do diabo.
Este clima possessivo sobre tudo e sobre todos em que se encontra a maior parte da classe política, uma classe que é eleita para nos representar, a quem pagamos salários chorudos todos os meses, maltrata-nos e olha-nos de cima, como se nós (os seus patrões) fossemos obrigados a idolatrá-los. Afinal, será que já paramos para pensar, alguma vez, e verificar que nós é que os elegemos e eles é que mandam em nós? Não deveria ser ao contrário? Quem manda numa empresa, o patrão que emprega ou o trabalhador que é empregado?
Se eles são eleitos pelo povo, então vamos exigir que sejam bem mais educados e que tratem as pessoas com a dignidade que merecem! Quem quiser mandar em tudo e em todos, que vá para o deserto, pelo menos lá não incomodará ninguém!
Já agora, era importante pensarmos nisto para as autarquias locais…
Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (29-10-2010)