segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Deus dos deuses

Ó terra prometida por um deus
Que do alto do Monte nos observa
Deixa que teu servo se dilua
Nas margens deste mar sem cais.
Fustigaste com ortigas as palavras,
Cobriste de mato grosso o leito,
Mas esqueceste de mostrar compaixão
Quando foste invocado por amor.
Agora, atirai sem pensar o perdão
Porque vosso servo carece
Num esmorecer de sentidos.
A verdade nasce nua e crua,
O momento perde-se e evacua,
Mas ninguém chega para vós:
Nem as armas em punho,
Nem os ventos, nem as chuvas,
Nem os trovões ou granizo
Atemorizam com choro a criança
Que procura um mundo novo.
Abre-lhe as portas de verdade e
De justiça e faz do homem
Um outro homem, que seja
Novo em espírito, alma e corpo.

Pedro Sousa