sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Se a esquerda é isto, então eu sou da extrema-esquerda!

Este governo já deu o que tinha a dar! Não há mais paciência para ouvir um Primeiro-ministro que aproveita a questão da constituição para se desmarcar das suas responsabilidades sociais. O país está em crise e, para que conste em ‘acta’, eu não tenho culpa nenhuma, porque não votei nele!
Quando ouço a treta da esquerda e da direita, proferida por estes senhores do socialismo, actualmente no poder, fico completamente indignado. Em primeiro, porque estamos a ser governados por gente tão mal formada que não sabe o que representa a esquerda e a direita; em segundo, porque ao lado destes senhores considero-me bem mais à esquerda do que todos eles. Ora vejamos, sou a favor da escola pública para todos, ainda que aceite que deva existir o ensino privado como opção, sou a favor de justiça social, atrevendo-me a dizer que gostava que a reforma fosse aos 65 anos ou aos 40 anos de trabalho, porque quem começou a trabalhar aos 12 e 13 anos, como os meus pais, não deveria ter de trabalhar até aos 65 anos como eu que só comecei aos 25 anos! Queria um sistema de saúde que não obrigasse as pessoas a levantarem-se de madrugada para marcar uma simples consulta. Estradas transitáveis. Actividades culturais e recreativas facilitadas aos mais necessitados. Enfim, gostava mesmo que existisse uma política social. Mas o que vejo, todos os dias, é que há muita gente que gosta de ser tratada como ‘coitadinhos’ numas circunstâncias (por exemplo, para ir buscar apoios para reconstruir as suas casas) e outras vezes armam-se em ricalhaços (passam a vidinha de café em café).
Não há mais paciência para este tipo de oportunismo que se instalou na vida e, principalmente, na política ou através dela. Quantas pessoas não há que saltam de partido em partido à procura de tacho? Um dia acordam, são do CDS/PP, tomam café e começam a tarde no PSD e à noite já estão no PS, se não se deitarem cedo ainda passam para os independentes ou são do PCP. Haja vergonha!
Muitos dos que hoje estão a queixar-se da crise são os principais responsáveis por ela. São pessoas que nunca produziram nada ou quase nada para o país, passavam os seus dias entre a baixa médica e o próprio trabalho, logo recebendo a dois carrinhos, enquanto outros tinham apenas um rendimento, porque sempre foram honestos. Agora, o país está em crise e a culpa de alguns vai ser paga por todos.
Contudo, apesar destes esquemas manhosos, em que uns trabalham e outros levam os louros ou os frutos parece estar a acabar, porque quem sempre trabalhou honestamente (sem precisar de se vender), também soube fazer o seu pé-de-meia, aqueles que sempre tiveram a vida fácil não precisavam de se preocupar e, agora, o momento só será propício a quem a astúcia é uma característica. Há ainda outros que aproveitam a política ou grupos de apoio para se posicionarem a si ou familiares e amigos, mas com o aumento da escolaridade, as regras podem estar para mudar.
«O mundo é uma roda, tanto anda como desanda!»

Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (22-10-2010)