Não sou jornalista. Sou Professor, sempre que posso
um amigo e às vezes aquele gajo que dá uns conselhos parvos, tipo os cotas lá
de casa, mas vindo do stor até é ‘na boa’. Não sou Jornalista de profissão, mas
a verdade é que há anos que o ‘tal bichinho’ do jornalismo me picou e fiquei
infetado e não me parece que a cura esteja para breve.
Confesso que fiquei surpreendido com a minha
nomeação para “OS MAIS 2018” do Jornal Povo de Fafe e, mais ainda, porque dias
antes me tinham pedido o currículo, sendo que o mail dizia que se ‘tratava de
um procedimento para fins estatísticos e o mesmo seria feito com outros
colaboradores do jornal’. Nada a estranhar, basta pensar nos recursos humanos
de qualquer empresa e é naturalíssimo que haja um dossier que guarde, atualize,
os currículos dos seus quadros. Ou seja, desvalorizei a situação, nada de
estranho até ao momento em que o meu pai me diz “estás em grande destaque no
jornal”. Bem, das duas uma, ou se tratava do destaque do meu artigo que
abordava a ‘homenagem de António Arnaut e a criação do SNS’ ou era outro
assunto, mas eu não tinha feito nada de especial que merecesse tanto relevo.
“OS MAIS 2018” na categoria de ‘Jornalismo’ faz jus
à minha pessoa, ao meu desempenho ao longo destes anos todos e até realça o meu
percurso académico, profissional e no associativismo de uma forma até elogiosa
demais. É claro que um elogio é um elogio e um reconhecimento público é sempre
motivo de orgulho. É também mais do que evidente que não podia deixar de
fotografar e partilhar no meu facebook, ver os comentários dos meus amigos e
babar-me literalmente, porque se tratava de um reconhecimento de um trabalho
livre e descomprometido que me dá um gozo tremendo, o jornalismo.
Mas o ‘jornalismo’ não é propriamente a coisa mais
fácil de se fazer. Principalmente se se trata de uma localidade onde todo o
mundo se conhece. E, mais ainda, quando um tipo como eu escreve crónicas de
assuntos variados do país e do mundo, mas não consegue deixar de comentar as
problemáticas que vão acontecendo cá na nossa terrinha e que se não alteradas
atitudes e comportamentos vão continuar a penalizar os mais vulneráveis. Não
posso com isso! Não suporto ir a um local de atendimento ao público e ver uma
‘supremacia bacoca’ de gente que se julga mais esperta do que os outros. Não
posso compreender por que razão uma licença na autarquia precisa de meses a fio
para sair dos gabinetes, não só porque sei que são muitos a trabalhar lá, mas
porque estamos na era digital. Não posso deixar com que as ofertas de emprego
públicas continuem destinadas à partida. Não admito que os políticos sejam
sempre os mesmos ou passem legados aos seus parentes! Não percebo por que é que
as pessoas se calavam quando as vagas para um bom atendimento na saúde não
apareciam. Mesmo que isso me tenha ditado a saída de um jornal! Eu não posso!
Não quero! Sou livre!
Esta é a minha realidade no jornalismo. Esta é a
minha forma de ser e estar na vida. Esta é a minha maneira de ser, a que se
deve uma formação em primeiro numa família tradicional e muito humilde, à
catequese do padre Manuel Fernandes, a uma longa passagem pelo seminário, o
escutismo, o associativismo, a oportunidade do meu Mestre no Jornalismo, Luís
Meireles, para escrever e aprender no Correio de Fafe, seguindo-se depois outro
desafio pelo Dr. Ribeiro Cardoso e pertencer a esta família do Povo de Fafe, os
anos incríveis em Coimbra… Universidade e Faculdade de Letras, o Estudo dos
Clássicos e da Literatura Portuguesa, os Estudos Artísticos, o Coral de Letras,
Conselho Pedagógico, República da Praça, Mansão do Olimpo… As Escolas e as
terras que já passei e me recebem com tanto carinho.
Enfim, seriam muitas situações que foram
construindo a minha personalidade, mas a maior, certamente, é a oportunidade que
a vida me dá em poder conviver com pessoas de muito caráter. Sou um sortudo!
Obrigado, Jornal Povo de Fafe!