sexta-feira, 8 de junho de 2018

As Políticas de Juventude ou a Juventude sem Políticas?


No passado fim de semana tive a oportunidade de participar no 16º ENAJ (Encontro Nacional de Associações Juvenis) em Cascais, em representação do CLUB ALFA, uma associação que tive o privilégio de fundar, juntamente com outros colegas, e que celebra este ano 15 anos da sua existência. Ainda que o voluntariado seja a marca de excelência do associativismo jovem, o fator idade está apostado em querer limitar a participação cívica de quem já chegou aos 30 anos, mas será isso um problema efetivo?
Uns dizem que sim, alguns dizem que não. O CLUB ALFA diz que não será um obstáculo! Mas só o pode afirmar porque a nossa região, embora a procura pela participação na atividade associativa jovem seja cada vez menor, ainda vai tendo pessoas que vão abraçando a causa, mas o mesmo não acontece em todo o país, sobretudo nas regiões mais do interior.
Esta questão vem a propósito da nova Lei de Bases sobre o Associativismo Jovem que pretende limitar a idade de 30 anos para o Presidente. Até aqui já era obrigatório ter uma direção em que 75% dos elementos tivessem menos de 30 anos, mas o Presidente podia ser escolhido livremente, se a lei for aprovada, a idade do Presidente também terá de respeitar esta norma.
A pergunta que se fez ouvir pela FNAJ (Federação Nacional das Associações Juvenis) foi a seguinte: “Será que num estado de direito não se deveria deixar as pessoas escolherem quem querem que os represente?” Como é óbvio, não só defendiam a liberdade de escolha como colocavam o aumento de apoios para quem tiver nos seus corpos diretivos jovens com menos de 30 anos, ou seja, privilegiar quem cumpre, mas deixar escolher segundo as leis de Abril.
Os sócios do CLUB ALFA, embora concordem com esta tomada de posição, até pelas diferenças populacionais deste país, olharam para tudo isto com muita tranquilidade, tão somente porque sempre respeitou as limitações ditadas em decreto-lei sobre o associativismo jovem e nem por isso deixou de ter pessoas que, mesmo sem qualquer cargo nos órgãos de gestão, trabalharam afincadamente para que as mais variadas atividades aprovadas pelo IPDJ (Instituto Português do Desporto e Juventude) fossem realizadas em prol dos associados e da comunidade.
Ao contrário dos ‘políticos’, que só fazem quando têm tachos, muitos jovens percebem perfeitamente que há regras e continuam a trabalhar voluntariamente ‘sem esperar recompensa’, a não ser a satisfação de ver a alegria de outros mais jovens na participação das atividades.
Eu fui o primeiro a entrar nos órgãos de gestão, há 15 anos (sócio n.º 1), mas também o primeiro a deixar de estar nos órgãos de gestão quando os meus 30 apareceram. E já lá vão mais nove… Outros jovens foram convidados a assumir os cargos que fomos deixando pelo limite de idade, mas o certo é que continuamos a participar na conceção e organização de projetos e sem nos preocupar em ser os presidentes.
Será que é isto que falta aos políticos? Talvez seja... Seria muito bom que aparecesse uma lei que limitasse ainda mais a sua participação, pois assim todos teriam a oportunidade de participar ativamente na gestão do país.
Se é para ser modelo, que sejam os fazedores de leis os primeiros a dar o exemplo!