segunda-feira, 25 de abril de 2016

Há mais comunicação. Há mais Abril.

     Povo... Jornal… Notícias… Comboio... Expresso… (de Fafe). Fafetv.
     Não importa o veículo. O que importa efetivamente é que a comunicação existe e há muitas formas de se fazer cumprir aquele que é o principal objetivo de um órgão informativo – informar.
     Jornais. Blogues. Canais web. Páginas de facebook.
     Depois de um tempo de quase monopólio, não fosse o serviço público de alguns blogues que teimam em trabalhar por carolice e um ou outro que tanto contribuem sobretudo para o património cultural, multiplicaram-se os órgãos informativos e, desculpem se penso diferente, eis que uma cidade consegue ser tão rica em contribuir para esta nobre missão outrora tão restritiva ao pensamento de alguns.
     Há cerca de quatro anos, Fafe viveu um dos maiores momentos de debate público. Um grupo de Fafenses dava voz ao ‘BlogMontelongo’, um espaço de confrontação, um verdadeiro forum romano. Como em tudo, surgiram vozes discordantes de políticos locais insurgindo-se contra um espaço sem diretor, mas ali todos tinham mais do que o nome nos artigos, havia um rosto facilmente apontado para outros espaços dos seus autores. Esse foi e será um marco fundamental para a história (ou estudos sociais) de Fafe.
     Uma notícia pode ser dada de muitas formas. O mesmo acontece com uma fotografia. Ambas dependem da abertura da objetiva. Tanto se pode focar no cortar da fita como em todo o público presente. O jornalista ou fotógrafo escolhe o ângulo. E foi assim durante muito tempo. Só um grupo muito restrito tinha opinião em Fafe. As suas posições nunca eram confrontadas. Tudo era controlado ao milímetro e ai de quem ousasse pensar em publicar um artigo que pusesse em causa o aparelho, o amigo das tertúlias ou do conhaque ao final de mais um dia de escritório.
     O Abril ainda não se fez totalmente. É verdade. Mas não estará muito longe de acontecer. Aqueles que ontem eram todos poderosos, hoje conhecem o sabor da derrota. Os que julgam os seus pensamentos superiores, hoje são confrontados. Os que consideram os outros inferiores, são muito ultrapassados.
     E para isso, quantas armas se usaram?
     A mais poderosa de todas elas: a escrita. Todo o resto é a mudança de mentalidades que finalmente está a acontecer.

“eles (já não) comem tudo…”

in Jornal Povo de Fafe (22-04-2016)