O que fica depois de cinco dias de notícias com a palavra Fafe?
Existir uma terra que premeia, reconhece ou destaca valores da humanidade não
me parece mal. Aí está uma boa utilização da ‘Justiça de Fafe’. Mas começa-me a
preocupar os valores em causa. Nada se faz sem investimento e, ao contrário dos
liberais e dos economistas, nem tudo tem de ter retorno financeiro, mas há
limites…
Escrevo este artigo no dia 4 de Abril e, como é óbvio, desconheço o resultado
desta segunda edição da “Terra Justa – Encontro Internacional de Causas e
Valores da Humanidade”. Sei bem que servirá para projetar Fafe (e um ou outro
político fafense), mas continua-se a ter de pagar para chamar a atenção dos
Media.
Confesso que isto me provoca alguma confusão. Já tivemos um evento que poderia
dar frutos nessa matéria e, por causa daquelas invejinhas marotas, tudo
desabou… Quem manda? Quem deu o mote? A quem pertence? Eram algumas perguntas
que se faziam aquando da organização daquele evento que juntava associações,
juntas de freguesia, escolas e o município. Milhares de pessoas saíam às ruas
para participar como figurinos ou como espetadores nas tais ‘Jornadas
Literárias’… que poderiam ser ‘Jornadas Culturais e Literárias’…
Seria o caminho? Seria este o tal evento para que Fafe não precisasse de chamar
a comunicação social como acontece com as sextas-feiras treze? Não sei… não sei
e não vou saber porque o formato já não existe. Só sei que não é nada fácil
trabalhar em Fafe. Há muita gente à procura de protagonismo e há quem tenha
muito medo de ser ultrapassado…
Acredito que isto não está muito longe de sofrer uma reviravolta. Há por aí uma
fornada de gente nova, muito bem formada, e que está mais empenhada em defender
causas do que entrar em jogos político-partidários. Essa malta jovem, ao
contrário da geração à sua frente, tem uma característica excelente: são
capazes de partilhar informação. Há uns anos, só um grupelho se candidatava a
subsídios para o gado porque metiam-se nas cooperativas e poucos tinham acesso
à informação, hoje é diferente, muito diferente. Os mais jovens partilham a
informação sem receio e, mais ainda, são capazes de se juntarem para
construírem projetos melhores.
Será este o princípio da reviravolta na política?
O tempo o dirá. O que me parece é que os jovens acreditam cada vez mais em
projetos do que em colagens de cartazes ou o abanar de bandeirinhas…
Enquanto isso… o que fica depois de cinco dias de notícias com a palavra Fafe?
E para o comum dos fafenses, há interesse neste evento? Que valor atribuem a
esta atividade? Há retorno económico, social ou cultural?
Ate lá… Que a Terra continue Justa!
in Jornal Povo de Fafe (08-04-2016)