segunda-feira, 21 de março de 2016

Não precisam tirar o chapéu…

… é o Professor Marcelo!
A Presidência da República Portuguesa vai mudar de mãos. Se o estilo demasiado formal agrada a muitos, pode ser que o menos formal agrade a muitos mais.
Ainda não se sabe muito bem como serão os próximos anos e quais as alterações ao protocolo que a presidência de Marcelo Rebelo de Sousa vai imprimir, mas já se sabe que a sua prestação será bem diferente do que estamos habituados.
Há quem atribua a sua vitória ao facto de ter estado ligado à televisão durante décadas, mas devemos classificar isso como negativo? Será que um Jornalista não se poderá candidatar só porque aparece na televisão à hora do jantar todos os dias? Pois era o que mais faltava…
Marcelo Rebelo de Sousa não venceu apenas por se tratar de uma figura mediática, embora isso tenha abonado e muito a seu favor, mas venceu porque é o Professor Marcelo. Quantas figuras mediáticas conhecem? Certamente que todos enunciaram um conjunto alargado delas, mas será que se se candidatassem teriam os mesmos votos que teve Marcelo Rebelo de Sousa? É óbvio que não…
Marcelo Rebelo de Sousa tem uma forma de ser e estar que agrada às pessoas, muitos dirão ‘ao povão’ e se assim é, eu estou nesse lote… também eu sou ‘povão’ e mais do que isso ‘povão da aldeia’… embora disponível para debater ideias com os intelectuais até da cidade! Agrada-me, particularmente, a ideia de democracia, aquela coisa da igualdade e sobretudo de tratar o seu semelhante com dignidade, seja ele rico ou pobre, só mesmo porque é pessoa ou em latim “persona”.
Durante toda a campanha, ao contrário do que se poderia imaginar, até porque já foi provado pela comunicação social, os passos aparentemente desregrados de Marcelo, estavam a ser muito bem trabalhados. Muito antes da campanha, numa simples frase deixada no seu facebook, um especialista em Redes Sociais fazia a seguinte pergunta: ‘Querem apostar como o Marcelo não vai usar outdoors na campanha?’ E, como bem sabemos, não usou mesmo… é verdade que não precisava, ao contrário de outros, basta olhar para o caso de Edgar Silva, apoiado pelo PCP, Maria de Belém ou Sampaio da Nóvoa. Mas compreende-se perfeitamente que as estratégias tenham sido diferentes, pois cada um tem de adaptar à sua circunstância e, aí, Marcelo era bem mais conhecido.
O candidato do PCP, Edgar Silva, devia ter sido trabalhado de outra forma. Passou mais a imagem do candidato do PCP do que de Edgar Silva, o homem que foi padre e tem uma história de vida incrível de lutas ao lado dos mais desprotegidos, mas chegou às pessoas? Não! Já Marcelo chegava e entrava em todo o lado. Marcelo não abandonava programas televisivos e permitia-se discutir com todos os candidatos. Tivessem ou não gravata.
Os próximos tempos vão ser interessantes, sobretudo para politólogos ou até para quem gosta de comunicação, aqui me incluo, porque podemos deixar de ter ‘os sapatos vermelhos de Prada’ e passar a usar os sapatos de todos os dias… tal como fez Francisco ao chegar ao Estado do Vaticano.


Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe