terça-feira, 1 de março de 2016

Os partidos políticos estão distantes das pessoas

     A política está desacreditada. As pessoas não conseguem identificar-se com as opções tantas vezes tomadas e que sacrificam sempre os mesmos. Os poderosos estão sempre protegidos. Há duas realidades numa só sociedade.
     Mas se há conhecimento do que realmente se passa, o que fazem os gestores da ‘coisa pública’ e o que podem fazer as pessoas no geral?
     Estudar! Estudar! Estudar!
     Só o conhecimento é que pode alterar toda esta pouca vergonha social. Há efetivamente duas realidades muito distintas neste país. Há a sociedade com regras, onde tudo é feito à luz do dia, e há uma outra sociedade só acessível a alguns. Na primeira temos de obedecer a regras feitas pela segunda (ou segundas). Isto é o que realmente se passa. As sociedades secretas fazem as regras para a sociedade civil obedecer. Depois, só mesmo muito depois, surgem os políticos que estão em determinados cargos e por isso sabem onde podem recorrer para conseguir apoios para os seus projetos… no fim da linha, está o povo… e aqui já não chega nada!
     Daqui a ano e meio, mais coisa menos coisa, há eleições autárquicas. As obras vão arrancar em força, só para ficar na memória mais recente das pessoas, tratando-as como ignorantes. E, mais uma vez, ver-se-á até que ponto ainda funciona essa estratégia. Por falar em estratégia, haverá multiplicação de encontros e participações em ações sociais, até porque os candidatos têm de aparecer para serem conhecidos. Os discursos vão-se repetir, porque mais uma vez aparece a velha frase ‘aprecio muito quem trabalha em juntas de freguesia porque esses é que estão junto das populações’. E, também como não pode deixar de ser, a palmadinha nas costas é sempre bem-vinda para que todos possam ver que o senhor fulaninho até é bem tratado pelos políticos da elite pacóvia.
     O que fazer para alterar isto?
     Estudar! Estudar! Estudar!
     As próximas eleições autárquicas não vão trazer nada de muito especial. As estratégias não vão variar muito. Desengane-se quem pensa o contrário. Nada muda quando se resolve fazer política dois ou três meses antes do ato eleitoral. E não adianta dizer, repetidamente, que há um plano, uma estratégia ou qualquer outro sinónimo para dizer que ‘agora é que é’!
     O contacto com as pessoas é fundamental. O eleitorado tem de conhecer os candidatos. As redes sociais e os jornais são importantes mas não substituem o modelo presencial. Três meses servem o máximo para iludir, nunca servirão para dar a conhecer.
     Se não acreditarem nestas ideias, basta fazer uma sondagem de café e pedir para nomear todos vereadores de um município e qual o seu pelouro. Com toda a certeza que a maior parte das pessoas não saberá responder, quanto muito apenas lançar alguns nomes.
     O indivíduo tem de se afirmar em primeiro pelo exemplo. No emprego, nas associações, na cidade ou na aldeia, no emprego… enfim, a prestação do indivíduo é que o poderá definir como um político, no sentido literal da palavra, capaz de enfrentar verdadeiros desafios de uma comunidade. É claro que esta é a minha posição. Não gosto de políticos profissionais, porque não sabem fazer mais nada do que ser políticos!
     Escolhamos bem, sejamos inteligentes!
     Quanto aos partidos políticos, estes também têm de saber acompanhar mais de perto os eleitos. Ser eleito não chega, é preciso acompanhar o trabalho. Sejam os plenários, seja o gabinete jurídico, por exemplo, para quando surge uma dúvida… ou quando se está na oposição e se deteta uma anomalia... Se existisse um trabalho mais próximo, sobretudo dentro dos partidos, quer fosse executivo ou oposição, certamente que haveria mais justiça.

     Bem, mas isto são ideias de quem é muito prático quando se fala em execução… e estratégia! Por falar em estratégia…



Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe