A política
está desacreditada. As pessoas não conseguem identificar-se com as opções
tantas vezes tomadas e que sacrificam sempre os mesmos. Os poderosos estão
sempre protegidos. Há duas realidades numa só sociedade.
Mas se há conhecimento
do que realmente se passa, o que fazem os gestores da ‘coisa pública’ e o que
podem fazer as pessoas no geral?
Estudar!
Estudar! Estudar!
Só o
conhecimento é que pode alterar toda esta pouca vergonha social. Há
efetivamente duas realidades muito distintas neste país. Há a sociedade com
regras, onde tudo é feito à luz do dia, e há uma outra sociedade só acessível a
alguns. Na primeira temos de obedecer a regras feitas pela segunda (ou
segundas). Isto é o que realmente se passa. As sociedades secretas fazem as
regras para a sociedade civil obedecer. Depois, só mesmo muito depois, surgem
os políticos que estão em determinados cargos e por isso sabem onde podem
recorrer para conseguir apoios para os seus projetos… no fim da linha, está o
povo… e aqui já não chega nada!
Daqui a ano e
meio, mais coisa menos coisa, há eleições autárquicas. As obras vão arrancar em
força, só para ficar na memória mais recente das pessoas, tratando-as como
ignorantes. E, mais uma vez, ver-se-á até que ponto ainda funciona essa
estratégia. Por falar em estratégia, haverá multiplicação de encontros e
participações em ações sociais, até porque os candidatos têm de aparecer para
serem conhecidos. Os discursos vão-se repetir, porque mais uma vez aparece a
velha frase ‘aprecio muito quem trabalha em juntas de freguesia porque esses é
que estão junto das populações’. E, também como não pode deixar de ser, a
palmadinha nas costas é sempre bem-vinda para que todos possam ver que o senhor
fulaninho até é bem tratado pelos políticos da elite pacóvia.
O que fazer
para alterar isto?
Estudar!
Estudar! Estudar!
As próximas
eleições autárquicas não vão trazer nada de muito especial. As estratégias não
vão variar muito. Desengane-se quem pensa o contrário. Nada muda quando se
resolve fazer política dois ou três meses antes do ato eleitoral. E não adianta
dizer, repetidamente, que há um plano, uma estratégia ou qualquer outro
sinónimo para dizer que ‘agora é que é’!
O contacto com
as pessoas é fundamental. O eleitorado tem de conhecer os candidatos. As redes
sociais e os jornais são importantes mas não substituem o modelo presencial.
Três meses servem o máximo para iludir, nunca servirão para dar a conhecer.
Se não
acreditarem nestas ideias, basta fazer uma sondagem de café e pedir para nomear
todos vereadores de um município e qual o seu pelouro. Com toda a certeza que a
maior parte das pessoas não saberá responder, quanto muito apenas lançar alguns
nomes.
O indivíduo
tem de se afirmar em primeiro pelo exemplo. No emprego, nas associações, na cidade
ou na aldeia, no emprego… enfim, a prestação do indivíduo é que o poderá
definir como um político, no sentido literal da palavra, capaz de enfrentar verdadeiros
desafios de uma comunidade. É claro que esta é a minha posição. Não gosto de
políticos profissionais, porque não sabem fazer mais nada do que ser políticos!
Escolhamos
bem, sejamos inteligentes!
Quanto aos
partidos políticos, estes também têm de saber acompanhar mais de perto os
eleitos. Ser eleito não chega, é preciso acompanhar o trabalho. Sejam os
plenários, seja o gabinete jurídico, por exemplo, para quando surge uma dúvida…
ou quando se está na oposição e se deteta uma anomalia... Se existisse um
trabalho mais próximo, sobretudo dentro dos partidos, quer fosse executivo ou
oposição, certamente que haveria mais justiça.
Bem, mas isto
são ideias de quem é muito prático quando se fala em execução… e estratégia!
Por falar em estratégia…
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe