Na
última Assembleia Municipal de 2012, depois de analisadas algumas questões
relativas às propostas do plano e orçamento para o ano 2013, ouvi o Senhor
Presidente da Câmara dar destaque positivo à implementação de uma ‘incubadora’
para fomentar o emprego, mas esta não tinha sido possível porque não surgiu
financiamento.
Perante esta
situação não pude deixar de fazer algumas observações, analisar com calma e
chegar a algumas conclusões e interrogações que poderão servir de mote para em
conjunto encontrarmos a melhor solução, ora vejamos: Comecei por pesquisar em
dois locais, Instituto Pedro Nunes em Coimbra (uma referência internacional) e
a Indústria Criativa ‘INSERRALVES’ da Fundação Serralves no Porto. Ambas têm
várias empresas a funcionar e serviriam muito bem como exemplo, mas basta
recorrermos apenas a uma. A INSERRALVES, numa pequena sala, consegue ter três
empresas a funcionar em simultâneo, o que é muito fácil, por exemplo, uma
empresa de Design só precisa de uma secretária, uma estante de exposição, um
computador e duas cadeiras. As empresas pagavam, quando lá estive, 7€/m2 e
tinham todas uma coordenadora em comum para fazer a ponte com a Fundação
Serralves. Esta incubadora funciona num pré-fabricado atrás da Fundação.
Primeira
pergunta: Será necessário assim tanto investimento?
Na
nossa opinião, pensamos que só seria necessário um edifício (a escola se não
tivesse sido deitada a baixo e virado capela, por exemplo, ou o
reaproveitamento de outro edifício). Colocar um funcionário com as devidas
habilitações, muito empreendedor, e que não fosse um ‘boy’ sem experiência ou
apenas com a experiência de colar cartazes. Com a renda a custos reduzidos, até
porque o edifício é da autarquia, o projeto seria autofinanciado.
Qual
é o grande problema que impede o investimento?
O
problema é que esta autarquia ou não tem ideias e muito menos investiga o que
outros já o fazem ou sofre de um mal denominado: subsidiodependência. Por isso
não vão mais além. Com dinheiro dos outros, todos fazem obra, mas criar
condições para que continuem a ter rendimentos mesmo sem apoios já não é para
todos. Um bom gestor não é o que não gasta mas o que consegue ter mais coisas
com o mesmo dinheiro. Tudo isto para usar a frase de um amigo socialista: «Só
se vão conhecer os bons presidentes de Câmara quando acabarem os apoios
comunitários».
Esta
semana, através do Facebook, tive conhecimento da forma como S. Paulo no Brasil
orienta as suas atuações em matéria cultural e criativa (http://programavai.blogspot.com.br/2012/12/vai-lanca-edital-2013.html) e rapidamente
percebi que não é mais do que já aqui falei em artigos anteriores, ou seja,
abrem concursos para que as entidades apresentem as melhores propostas de
dinamização cultural e artística. Como já escrevi antes: «Não seria mais
proveitoso se a Câmara entregasse a administração dos espaços a quem
apresentasse os melhores projetos de dinamização?»
Desprezar a cultura é desprezar o futuro!
Pedro Miguel Sousa,
in Jornal Povo de Fafe (11-01-2013)