sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um dia na Malafaia ou arranjos grátis em casa de idosos e carenciados durante todo o ano?


            Num tempo perturbado pela crise económica e social, as prioridades das autarquias precisam ser revistas. O que preferem as pessoas: comer e beber até não poder mais, num só dia, ou ter alguém que lhes dê apoio na manutenção da sua habitação durante todo o ano?
            A Câmara Municipal de Fafe resolveu colocar à discussão pública uma série de situações, talvez as mais polémicas, numa tentativa de desresponsabilização se algo correr mal, mas no que pode sacar uns votinhos aos idosos nem lhe mexe, muito pelo contrário, no último encontro já fora prometida mais uma investida na Malafaia para o próximo ano de 2013. É positivo dar a oportunidade às pessoas de se pronunciarem, o problema é que antes não o fizeram e algumas obras correram mal (o parque da cidade ou o parque de betão armado), agora têm de minimizar os danos e por isso já importa o que o ‘povo’ tem a dizer. Como diz o ditado: “é melhor tarde do que nunca”. Não seria importante dar a oportunidade às pessoas se preferem um dia na Malafaia ou arranjos grátis em casa de idosos e carenciados durante todo o ano?
            A Câmara Municipal de Odivelas, na voz da sua Presidente, «Não faz festas popularuchas» e canaliza essas verbas para apoiar gratuitamente as pessoas idosas e com carências financeiras, tendo alargado neste momento aos desempregados. Mas esta Câmara não se concentra apenas nos mais idosos ou desprotegidos, aos alunos do primeiro ciclo oferece os manuais escolares.
            As prioridades são sempre discutíveis. As necessidades das pessoas são distintas. A realidade deste país, infelizmente, é só uma e não se advinha risonho o futuro próximo. Apesar de não conhecer quem orientava os destinos da Câmara de Odivelas, muito menos a sua cor partidária (pesquisei na internet e vi que é do PS), não poderia deixar de destacar a atitude desta autarca que dá primazia o interesse da comunidade, através destas iniciativas, canalizando os dinheiros públicos para o melhor servir os cidadãos do seu concelho. É para isto que todos são eleitos, não para o cacique e a continuada preocupação com o ato eleitoral, mas para oferecer às pessoas, principalmente os mais desfavorecidos, proteção social. Um país que tem gente a passar fome não é um país digno. Não chega empanturrar as pessoas um dia por ano, é preciso dar-lhe apoio durante todo o ano.

Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe