Num
tempo perturbado pela crise económica e social, as prioridades das autarquias
precisam ser revistas. O que preferem as pessoas: comer e beber até não poder mais,
num só dia, ou ter alguém que lhes dê apoio na manutenção da sua habitação
durante todo o ano?
A
Câmara Municipal de Fafe resolveu colocar à discussão pública uma série de
situações, talvez as mais polémicas, numa tentativa de desresponsabilização se
algo correr mal, mas no que pode sacar uns votinhos aos idosos nem lhe mexe,
muito pelo contrário, no último encontro já fora prometida mais uma investida
na Malafaia para o próximo ano de 2013. É positivo dar a oportunidade às
pessoas de se pronunciarem, o problema é que antes não o fizeram e algumas
obras correram mal (o parque da cidade ou o parque de betão armado), agora têm
de minimizar os danos e por isso já importa o que o ‘povo’ tem a dizer. Como
diz o ditado: “é melhor tarde do que nunca”. Não seria importante dar a
oportunidade às pessoas se preferem um dia na Malafaia ou arranjos grátis em
casa de idosos e carenciados durante todo o ano?
A
Câmara Municipal de Odivelas, na voz da sua Presidente, «Não faz festas
popularuchas» e canaliza essas verbas para apoiar gratuitamente as pessoas
idosas e com carências financeiras, tendo alargado neste momento aos
desempregados. Mas esta Câmara não se concentra apenas nos mais idosos ou
desprotegidos, aos alunos do primeiro ciclo oferece os manuais escolares.
As
prioridades são sempre discutíveis. As necessidades das pessoas são distintas.
A realidade deste país, infelizmente, é só uma e não se advinha risonho o
futuro próximo. Apesar de não conhecer quem orientava os destinos da Câmara de
Odivelas, muito menos a sua cor partidária (pesquisei na internet e vi que é do
PS), não poderia deixar de destacar a atitude desta autarca que dá primazia o
interesse da comunidade, através destas iniciativas, canalizando os dinheiros
públicos para o melhor servir os cidadãos do seu concelho. É para isto que
todos são eleitos, não para o cacique e a continuada preocupação com o ato
eleitoral, mas para oferecer às pessoas, principalmente os mais desfavorecidos,
proteção social. Um país que tem gente a passar fome não é um país digno. Não
chega empanturrar as pessoas um dia por ano, é preciso dar-lhe apoio durante
todo o ano.
Pedro Miguel
Sousa, in Jornal Povo de Fafe