Não ando
à mercê de nenhum partido político e nem tão pouco sou propriedade de ninguém.
É certo que tenho as minhas convicções e as minhas orientações
político-partidárias, mas não comungo das ideias de todos só porque são do
mesmo partido ou da mesma religião. Traçar a minha vida pela cabeça dos outros
nunca deu, também não vai ser agora. É certo que não é só a nível nacional que
estas coisas se passam, tantas e tantas vezes tive problemas em associações só
porque queriam agradar politicamente aos senhores do poder e a minha postura
era sempre a mesma: quando estou na associação trabalho para a associação, na
política pela política e na vida, sempre, pela cidadania.
Na
terça-feira passada, o PSD colocava uma nota no Facebook onde se via a sua
‘congratulação ao governo devido à avaliação da troika’. Não hesitei em deixar
a seguinte nota: «Como se pode estar contente neste momento, ou
‘congratular-se’, se as medidas vêm tirar o pão aos pobres para dar aos ricos?
Este não é o PSD de Sá Carneiro. Este não é o defensor de um estado social».
Como se pode imaginar, sugiram alguns likes
mas também várias cacetadas às minhas palavras, referindo, por exemplo, que a
culpa era dos outros que deixaram o País de forma lastimável.
A culpa
é mesmo dos outros, do PS, como também é do PSD e de uma geração inteira de
herdeiros de um poder de clausura, um poder salazarista, opressor, mas o poder
que deixou livros para estes estudarem. Os grandes culpados têm rosto, são dos
dois grandes partidos, os que governaram após o 25 de Abril e conduziram o País
para o abismo. A assembleia de República não passa de uma ‘fábrica’ grande com
diferentes linhas de produção, mas no fim de cada mês tem de dar salários
chorudos aos seus empregados. Dizer mal uns dos outros faz parte do trabalho
deles. Aprovar umas leis já depende dos benefícios que daí se poderá tirar ao
agradar aos grandes lóbis que lhes pagam as campanhas, dão empregos de gestão
(mesmo sem lá aparecerem), tacho para a família… e às vezes até diplomas de
curso.
O país
não tem mais solução a não ser que se faça aprovar uma lei que não deixe que os
políticos estejam mais do que um mandato na Assembleia da República e todos têm
de sair no final, não podendo voltar até que todas as pessoas tenham passado
por lá. Na Grécia antiga funcionava assim. Hoje nota-se bem que não é assim,
mas em Portugal também não é, vejam a que situação chegou o País.
Portugal
precisa de uma limpeza geral na classe política… toda!
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (14-09-2012)