sábado, 15 de setembro de 2012

Roubar aos pobres para dar aos ricos?


            Não ando à mercê de nenhum partido político e nem tão pouco sou propriedade de ninguém. É certo que tenho as minhas convicções e as minhas orientações político-partidárias, mas não comungo das ideias de todos só porque são do mesmo partido ou da mesma religião. Traçar a minha vida pela cabeça dos outros nunca deu, também não vai ser agora. É certo que não é só a nível nacional que estas coisas se passam, tantas e tantas vezes tive problemas em associações só porque queriam agradar politicamente aos senhores do poder e a minha postura era sempre a mesma: quando estou na associação trabalho para a associação, na política pela política e na vida, sempre, pela cidadania.
            Na terça-feira passada, o PSD colocava uma nota no Facebook onde se via a sua ‘congratulação ao governo devido à avaliação da troika’. Não hesitei em deixar a seguinte nota: «Como se pode estar contente neste momento, ou ‘congratular-se’, se as medidas vêm tirar o pão aos pobres para dar aos ricos? Este não é o PSD de Sá Carneiro. Este não é o defensor de um estado social». Como se pode imaginar, sugiram alguns likes mas também várias cacetadas às minhas palavras, referindo, por exemplo, que a culpa era dos outros que deixaram o País de forma lastimável.
            A culpa é mesmo dos outros, do PS, como também é do PSD e de uma geração inteira de herdeiros de um poder de clausura, um poder salazarista, opressor, mas o poder que deixou livros para estes estudarem. Os grandes culpados têm rosto, são dos dois grandes partidos, os que governaram após o 25 de Abril e conduziram o País para o abismo. A assembleia de República não passa de uma ‘fábrica’ grande com diferentes linhas de produção, mas no fim de cada mês tem de dar salários chorudos aos seus empregados. Dizer mal uns dos outros faz parte do trabalho deles. Aprovar umas leis já depende dos benefícios que daí se poderá tirar ao agradar aos grandes lóbis que lhes pagam as campanhas, dão empregos de gestão (mesmo sem lá aparecerem), tacho para a família… e às vezes até diplomas de curso.
            O país não tem mais solução a não ser que se faça aprovar uma lei que não deixe que os políticos estejam mais do que um mandato na Assembleia da República e todos têm de sair no final, não podendo voltar até que todas as pessoas tenham passado por lá. Na Grécia antiga funcionava assim. Hoje nota-se bem que não é assim, mas em Portugal também não é, vejam a que situação chegou o País.
            Portugal precisa de uma limpeza geral na classe política… toda!
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (14-09-2012)