A
definição de arte leva sempre aos mais ousados diálogos intelectuais. O recurso
a um manual de Teoria da Arte confronta o leitor nas mais distintas
interpretações, mas uma das mais plausíveis aparece-nos nas palavras do Artista
Plástico e Performer Armando Azevedo quando afirma «A Arte é comunicação
estética». Esta afirmação é muito mais valiosa do que se pode observar no
imediato, na verdade Armando Azevedo começa por afirmar a arte enquanto
comunicação, nos distintos sentidos e fases da comunicação – apelativa,
informativa, conativa…, e a estética – em termos muito genéricos: o despertar
do sentimento do belo.
Na
afirmação “a política é a arte do possível”, uma das expressões mais aprazíveis
aos ‘políticos de profissão’, o termo ‘arte’ tem o sentido distante do abordado
em cima, aqui é ‘a arte como ofício’, a arte com a finalidade de fazer algo.
Aparentemente, esta é uma ótima escapatória para a ‘arte de não fazer’. Ou
seja, ao afirmar que ‘a política é a arte do possível’, o político sente-se
desculpabilizado por aquilo que devia ter feito e não fez. Será para isto que
elegemos os nossos representantes?
Nunca
fui muito apologista da teoria: estou sempre certo e raramente me engano.
Também não acredito na superioridade humana. Acredito na capacidade de
adaptação a novas realidades e no espírito aberto, porque é esse que nos
permite ver que a razão tanto pode estar do lado do velho como da criança. É
certo que há pessoas mais informadas do que outras, mas também é evidente que
não é o que fala mais e mais alto que tem razão.
Reportando-nos
novamente à política como arte, verificamos que há políticos muito fracos.
Muitas vezes não fazem mais do que cumprir o que já vinha planeado há anos,
apenas tomam essas obras como suas. Isto levanta o problema do ovo e da galinha
ou na atribuição da construção de uma casa, quem é o mais importante: o
arquiteto, o engenheiro ou o construtor? Verdadeiramente isso pouco importa,
todos são importantes, mas o que interessa é que as pessoas que nela vão
habitar tenham qualidade. Na política passa-se a mesma coisa, não importa quem
mais quem teve a ideia ou quem fez, mas importa tudo se as populações ficam bem
servidas.
No
meio disto tudo, o que é mais lamentável não é apoderar-se de uma obra só
porque se termina na sua altura, o mais grave é não acrescentar novas ideias,
novos projetos, porque um dia vão chegar outros e não vão poder dar seguimento
ao que não existe.
Pedro Miguel
Sousa, in Jornal Povo de Fafe (01-05-2012)