sexta-feira, 8 de junho de 2012

Património, o que é isso? Só serve para estorvar!


            A mediocridade dos atos evidencia a inteligência e competência, ou falta de ambas, ao permitir a destruição do nosso património. Os jornais de Fafe têm dado alguma visibilidade à discussão em torno da possível deslocalização do ‘Monumento da Justiça’, o que os torna apelativos, apenas porque é o nosso monumento mais emblemático e com ele a frase: «Com Fafe ninguém fanfe».
            Esta questão tem levado a várias discussões, não só na imprensa escrita mas também na blogosfera, o que é agradável perceber que as pessoas se envolvem quando os assuntos lhes tocam de algum modo. Estes momentos, provavelmente através de métodos mais informais e recorrendo ao uso da imprensa escrita, radiofónica e das diferentes redes sociais na internet, poderiam ser aproveitados para promover a história de Fafe e do seu património. A cultura também não ocupa espaço.


            Até a semana passada, pensávamos que a grande questão passava pela deslocalização do monumento, sem entender muito bem a razão, mas alguém achou que ali não era muito visível e por isso toca a arranjar um espacinho noutro local. Desde logo me questionei: se querem que seja visto por milhares de pessoas, o melhor era colocar-lhe umas rodas e levá-lo para junto da ‘Ponte de S. José’ quando se dão as festas do concelho. Mas, finalmente, alguém de bom senso resolveu mostrar a sua opinião e eis que a solução pode passar por não tirar do local. Esta é a posição de Artur Coimbra, na crónica da semana passada, o que me pareceu até ao momento e das que chegaram ao meu conhecimento a mais sensata. Tirar do local, porquê? Será que há alguém em Fafe que não conheça o monumento? Bem, responder à pergunta que o cronista lança sobre ‘o monumento ao músico’, confesso que também não sabia, mas o da ‘justiça’ é provavelmente a único que a maioria dos fafenses consegue dizer umas palavras sobre o seu simbolismo.
            A defesa do património, ou pelo menos o alerta, tem conhecido vários rostos com o auxílio das novas tecnologias. Neste caso destacamos Jesus Martinho e o Atrium memória. No entanto, nem sempre as notícias são as melhores como nos mostra o próprio Jesus Martinho, no seu blog: http://falafcult.blogspot.pt, por exemplo, na aberração cometida ao restaurar a ‘Ponte Medieval de Sangidos em Bouças’, que foi contemplada com uma intervenção que em nada segue as regras do restauro ou o moinho centenário do Rio em Regadas, também destacado no mesmo blog, que já não está naquele local e desconhece-se em toda a freguesia.
            Os locais escolhidos para plantar monumentos ou esculturas podem não ser os melhores, mas alguma razão devem ter. Será que os políticos em Fafe esgotaram as suas ideias ou pensam que já construíram tudo e agora andam a tentar mudar as coisas de lugar como se faz em casa com a disposição do quarto ou da sala?
            Em vez desta trabalheira toda, lancem projetos culturais que possam envolver a comunidade e concluirão que o mais importante não será o local, mas o conhecimento sobre o(s) monumento(s) que as pessoas têm.
 Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (08-05-2012)