O Abril não se cumpriu! Nem tão
pouco se cumprirá…
As armas continuam sem cravos e as
gentes oprimidas nos gestos e nas palavras.
O Abril, o Abril não é mais meu, nem
teu e muito menos nosso.
O Abril é dos tolos que proíbem a
liberdade nos passeios da cidade. É também dos outros senhores que de dia
distribuem sorrisos falsos e à noite pancadas de hipocrisia.
Sosseguem os malfeitores, os pobres
de espírito e alguns doutores.
Sosseguem os políticos, os jornais e
seus controladores.
Sosseguem mulheres de poucas
condutas e sosseguem também os homens que levantam as batutas.
Sosseguem as ruas das cidades, das
vilas e lugarejos.
Sosseguem as pedras da calçada.
Sosseguem os criminosos,
oportunistas e mentirosos.
Sosseguem as igrejas.
Sosseguem os vendedores de alma ao
diabo e da honra ao pecado.
O Abril não se cumpriu, nem tão
pouco se cumprirá,
porque neste fado…
Este Abril não vive mais!
Pedro
Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (28-04-2012)