sexta-feira, 13 de abril de 2012

As reformas e as injustiças

A problemática das reformas não é nova. O aumento da esperança média de vida ou a escassez de recursos financeiros na segurança social são dois fatores preponderantes para essa mesma adequação a novos tempos. Mas será essa a forma mais justa de combater os problemas?
Aparentemente, traçar as leis pelo mesmo princípio parece mesmo coisa da democracia, depois de algumas análises verifica-se que a democracia é uma expressão disfarçada que serve para tudo, principalmente para justificar a igualdade quando esta interessa a grandes grupos económicos ou a classes privilegiadas.



Aprendi a respeitar a palavra ‘democracia’ ainda muito novo. Ao som de Zeca Afonso ouvia a canção ‘Os Vampiros’, mais tarde tive a feliz sorte de estudar a cultura clássica e lá estavam as linhas mestras de uma sociedade de valores, onde servir a pólis era uma honra e um dever do cidadão. Perante isto, não posso ficar indiferente ao ver esta palavra a ser tão mal tratada.
É verdade que as leis têm de ser feitas para todos, mas também é verdade que as pessoas não recebem um igual salário. Como também é verdade que as pessoas não começam a trabalhar ao mesmo tempo, por isso não deveria existir apenas uma idade limite para a reforma mas deveria alternar com um tempo de serviço. Não me surpreende que uma pessoa que comece a trabalhar aos 25 anos tenha de trabalhar até aos 60 anos, mas custa-me a aceitar que uma pessoa que tenha começado a trabalhar aos 12 ou 13 anos tenha de trabalhar até a esse mesma idade. Isto é justiça social? Como se não bastasse, para além desta medida do anterior governo, agora vem agravar com o congelamento das reformas antecipadas.
Nos próximos tempos vão-se ouvir muitas vozes descontentes sobre esta matéria. Uns porque se sentirão prejudicados justamente, outros porque precisam de falar para ficar bem na fotografia. Será que alguém vai ter a ousadia de pedir que congelem as suas reformas chorudas da vida política enquanto se encontram a ocupar cargos públicos?
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (13-04-2012)