sexta-feira, 15 de julho de 2011

Insucesso, violência e avaliações nas escolas portuguesas


O ano lectivo chega ao fim e com um novo governo a pensar em medidas para aplicar às escolas portuguesas. Apesar de algumas medidas do anterior governo que à priori pareciam equilibradas, o certo é que de pouco valeram quando aplicadas no terreno, por isso está na hora de ‘parar, analisar, reconverter e aplicar’.
Os vários momentos de avaliação, depois de diversas tentativas para motivar os alunos ao longo do ano e levá-los a outras formas de estudo para conseguir resultados positivos, servem para ‘parar’ e observar as notas obtidas. Em diversos casos há uma real satisfação, o que motiva o esforço de qualquer professor, mas analisando caso a caso verifica-se que os casos problemáticos (principalmente os faltosos) continuam problemáticos e são muito poucos os que conseguem transitar de ano.
O que parecia bem-intencionado, pelas regras estabelecidas pelo Ministério da Educação, ou seja, ‘os alunos com resultados negativos ou com excesso de faltas deveriam ser colocados perante provas de recuperação’, não passou de uma ilusão para a maioria dos casos. Depois, aqueles que têm comportamentos muito pouco convencionais, nas relações com a comunidade escolar, estão impunes e não podem ser expulsos, ou porque são menores de idade ou porque ainda estão dentro da escolaridade obrigatória.
Como se pode verificar, os problemas existentes nas escolas são de fácil localização. As Novas Oportunidades, que pretendiam trazer um novo fôlego aos desmotivados ou aqueles que não tiveram oportunidade na sua adolescência ou juventude, não conseguiram ultrapassar todas as barreiras, principalmente nos mais jovens.
O que se pode e deve fazer?
Em primeiro parece evidente que as escolas precisam de ganhar novamente o estatuto de casa de educação e, para isso, os alunos têm de sentir que se não cumprem com o que está pré-estabelecido são punidos. Depois, os Encarregados de Educação têm de ser responsabilizados pelos seus educandos e perceber que as escolas são locais para estudo e não um reformatório ou infantários para crescidos, ou seja, também eles precisam de ter autoridade. Por fim, é preciso rever os programas e permitir que no caso dos cursos de Educação e Formação de Jovens continue a valorização profissional mas que o grau de exigência aumente.
O sentimento de que toda a gente sabe tudo e mais alguma coisa não foi o lado mais positivo das Novas Oportunidades, o mais positivo foi mesmo voltar a levar as pessoas à escola ou à formação, porque os alunos que antes tinham problemas de faltas continuam a faltar e mesmo com as recuperações desmotivam. Por tudo isto, é urgente que se continue a apostar na formação, apostando na formação de adultos com o RVCC mas só introdutória (depois devem ser encaminhados para formações específicas) e apostando numa real formação dos jovens que os obrigue a frequentar com rigor todo o processo formativo.
Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (15-07-2011)