A educação cristã tem sofrido ataques constantes do interior da própria igreja. Afirmação que fora feita por Bento XVI na sua visita a Portugal, mas que teimam em não se querer alterar, umas vezes fruto de estilos de vida na ostentação e na promiscuidade adoptados outras devido a uma enorme hipocrisia colectiva, em que quem pratica não tem vergonha e quem sabe cala-se cobardemente.
Os exemplos de gente tão mal intencionada, que se dizem ao serviço de Deus e da Igreja, servem para afastar as pessoas do templo sagrado, porque o comércio ou a tentativa de mandar sobre os outros é o caminho mais apetecível para os ‘magnatas’ que procuram viver à sombra, muitas vezes, do mal-estar dos seus semelhantes. Atropelando a moral e os bons costumes, para conseguir gananciosamente mais uma obra ou um emprego para si ou um familiar mais chegado, apenas porque o importante é eles terem e não os outros, mesmo que isso represente um abraço colectivo contra as leis da Igreja.
Longe vão os tempos em que o adro das igrejas era um local de alegria para quantos se juntavam a fazer os últimos jogos antes de entrar para a catequese. A confissão era o dia de encontro com Cristo, aquele que morreu por nós e só com a nossa remissão de pecados se pode livrar da cruz.
Independente da crença religiosa de cada um, a religião é um alicerce para uma vida harmoniosa, claro está se os valores transmitidos pautarem pela moral. Hoje, as nossas escolas reflectem uma perda de valores ao mais alto nível, o respeito. Não quer dizer que não se consigam controlar as arrogâncias ou atitudes descontroladas e muito menos se quer colocar novamente o crucifixo nas salas, muito pelo contrário, apenas devia estar presente o crucifixo nos corações!
A religião católica teve um papel fundamental na sociedade. Passou por muitas situações vergonhosas, nomeadamente quando teve ou se encostou a regimes absolutistas ou ditatoriais, mas com o reconhecimento dos seus defeitos, tantas vezes nomeados no pedido de perdão pelo Papa João Paulo II, conseguiu envolver os seus crentes numa doutrina de exemplo, bons costumes, alegria. Hoje, ainda que haja a condenação de tantos malfeitores, a religião católica e as outras religiões estão a perder a sua posição enquanto entidades de referência, porque as suas leis autoritárias já não servem, muitos dos seus mensageiros perderam o respeito e a sua catequese já não chega aos mais jovens.
Neste momento, que marca a passagem da morte à vida e, ao mesmo tempo, representa a fertilidade (coelho) e o surgimento de vida nova (ovo), salientamos – independente da crença de cada leitor - a vida exemplar de Jesus Cristo. Nasceu pobre, lutou contra comércio instalado na casa de seu Pai e morreu às mãos da hipocrisia, porque, também ele, não quis uma vida luxuosa, mesmo tendo escolha, mas preferiu honrar a moral, a ética e os valores que o trouxeram ao mundo.
Santa e Feliz Páscoa
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (21-04-2011)