sábado, 12 de dezembro de 2009

Um pé dentro e outro fora

Os velhinhos andam às turras! Mário Soares e Manuel Alegre resolveram protagonizar mais uma das suas lutas de titãs. Desta vez o tema roça a fantasia de dois indivíduos que travaram várias lutas juntos, embora os últimos anos a realidade fosse diferente. Já nos habituaram entre entradas e saídas de cena e, neste espectáculo teatral, até fazem as maravilhas de um público atento à comédia.
Não compreendemos o que importará para a melhoria do país, nem o que trará de novo para a luta interna partidária, o que apriori nos afigura é que Soares não quer Alegre na corrida a Belém, mas então quem vai? Este não é o melhor momento para uma candidatura triunfal… ainda que tudo é possível!
A atenção a esta temática recordou-nos alguns conceitos que adquirimos com a presença destes senhores, que apesar das suas intrigas nunca precisaram de sair do partido para as suas candidaturas, sendo óbvio que a candidatura presidencial é pessoal, ainda que tenha partidos a apoiar. Não poderíamos deixar de destacar esta atitude. Dois ilustres que resolvem embirrar um com o outro, mas no fundo o seu partido tem mesmo que lhes tirar o chapéu porque ambos sempre andaram por ali, o mesmo não acontece com tanta gente que hoje é de um partido e, porque outro lhe dá mais conforto, toca a mudar para se poder passear nos corredores do poder.
Costuma-se dizer que ‘só não muda quem é burro’, embora concordemos com esta expressão ‘em parte’, jamais poderíamos concordar com a sua aplicação na totalidade, uma vez que a dignidade deve ser acentuada e é essa que nos torna autênticos e reais. As aldeias são o que mais se pode conhecer de mudanças no vento. Ontem PSD, hoje PS, amanhã Independente se não aparecer quem dê mais…
Hoje sou teu amigo, amanhã inimigo e depois… quanto dás?
O palco é mesmo um local apetecível, tornando a peça uma comédia iniciada nos bastidores. Depois há aqueles que são apenas de um partido, mas se o outro até nos dá segurança, toca a difamar para nos protegerem da tempestade. A sociedade é um palco enorme de representações trágicas, cómicas ou mesmo trágico-cómicas, mas o importante é irmo-nos divertindo com estas atitudes encenadas, porque a realidade da vida é bem mais pragmática. Se podermos fazer os outros mais felizes… por que não?
Pedro Miguel Sousa,
in Jornal Povo de Fafe (11-12-2009)