Este ano resolvemos apostar na aquisição de uns barcos. Caravelle K65.
Grandes máquinas puxadas a remos. Não sabia remar. Numa aventura inicial que
mais parecia as manobras dos carrinhos de choque, eis que o chilrear da
passarada, a suavidade das águas cristalinas e as palmas das árvores ao sabor
do vento me atiravam facilmente para um ambiente bucólico. Não eram mais as
ondas do mar a embalarem, mas os sons de sempre, nas memórias mais felizes da
infância.
Como é bom estar em paz com a natureza!
Não fosse o poder da natureza, mesmo no seu estado mais selvagem, até me
sentiria triste com o desprezo a que está dotado um dos rios mais emblemáticos
de Fafe. Um rio que permitiu alimento a centenas de famílias quando alimentava
as turbinas de uma fábrica, o mesmo rio que leva a luz a tantas outras, entre
campos, montes e vales até se juntar com outro e depois outro e terminar em
grande forma mar adentro.
É triste. É mesmo muito triste quando há interesses que não se conjugam com
os da natureza. É até vergonhoso quando se faz bandeira de um recurso natural
que merece ser tratado com aplauso por toda uma população, mas depois é
esquecido tão somente…
Seria assim tão difícil criar uma pequena presa e usar a areia acumulada
para servir de poiso às toalhas mais ou menos floridas? E se se juntassem duas
ou três mesas dessas já feitas e a preços tão acessíveis numa dessas lojas que
vendem quase tudo?
Fácil, não? Custos? Reduzidíssimos… mas quando os interesses são outros…
Enfim, resta-nos aproveitar o rio tal como ele é. Selvagem. E, como é
óbvio, continuar a esperar até que as melhores ideias voltem a reinar…