É preciso ter
peninha dos políticos, não é?
A recente polémica das subvenções dos políticos até parecia comédia no
início, mas o desenvolvimento da coisa foi mais para a tragicomédia. Os
pobrezinhos, obrigados a desempenhar cargos públicos, acham que merecem, depois
de 12 anos ao serviço do país, levar com um bruto dum subsídio para a vida
toda.
Carrega Portugal. Portugal, dos pequeninos, pois tá claro!
Queixam-se, suas excelências, que o facto de sacrificarem a família é
merecedor de compensações. Ai é?
E aqueles que são obrigados a imigrar e só veem as suas famílias de mês a
mês ou ano a ano, porque os políticos não conseguem políticas de emprego que
garantam a sua permanência com as famílias? E os Professores que têm de ir para
qualquer parte do país e nem por isso recebem mais se fossem colocados à porta
de casa? Também porque os mesmos políticos nunca conseguiram encontrar um
concurso mais eficaz…
Mas acho giro este recurso à dor que os próprios causam nas suas famílias,
bem felizes por sinal por eles estarem bem longe lá para Lisboa, pois é garante
de um estilo de vida bem mais confortável do que a maioria das pessoas e ainda
são tratados com a real vénia campónia. Se estão assim tão sofridos, por que
será que não deixam os seus lugares para outros? Por que será que guerreiam
entre eles para estarem em lugares elegíveis? Por que não deixam que a
renovação aconteça definitivamente?
Antes que me perguntem, parece-me justo que quando chegarem à idade da
reforma, também por eles estabelecida em 65 anos, tenham rendimentos de acordo
com os seus descontos, mas já considero um absurdo quererem usufruir do
dinheiro dos contribuintes – designado pomposamente de subvenções – e
continuarem as suas vidinhas como uns verdadeiros Reis na República!
A Carbonária precisa de atuar novamente para derrubar estes tiques
Monárquicos. Sem sangue, mas com uma verdadeira luta cultural. Pelos vistos,
analisando as atitudes públicas de alguns quadrantes da política, até já está a
acontecer e as pessoas estão a gostar…
Acreditando que estes senhores não querem mais nada com a política se
acabarem com as subvenções – e porque querem dedicar-se somente às suas
famílias, os caros leitores estão disponíveis para servir o país sem direito a
essas regalias?
in Jornal Povo de Fafe (29-01-2016)