domingo, 29 de março de 2015

Abraça-me!

«No início hesitei. A sua atitude era tão meiga. Nunca percebi bem. Acho que me apaixonei pelo jeito dela. Não havia qualquer chance para uma relação. Todas as portas estavam fechadas. Nem mesmo as da ilusão alguma vez deram sinal de se querer abrir. O sonho encurralava-me em cada frase que proferia. Mais uma vez a sua atitude era divinal. Que Menina linda. Que Mulher perfeita!
O percurso era curto. Não queria nada que acabasse. Nunca me tinha sentido tão perto dela. Contei tudo. Ela era especial. A sua compreensão foi imediata. Um dia parámos. Era impossível. Mais do que a proibição da lei. Era a sua proibição. A minha também. Mais a dela, confesso.
Olá. Que bonito. Ainda me lembro das suas palavras e das minhas ao cachorro que resolveu saudar-nos no Jardim mais bonito da cidade, só porque Ela estava lá. Estava feliz. Nada era meu. Só mesmo aquela sinceridade que me derrubava. Abracei-a. Abraçamo-nos. Nunca vou esquecer aquele abraço. Tão suave. Tão meigo. Tão bom.
As noites perturbadas. O silêncio da distância. Impõem-se a verdade. A sua verdade. A minha também. Mas a verdade dela é mais forte.
Olho as estrelas do imaginário. Perco-me na saudade do que não vivi. Mas sei que um dia... um dia fui tão feliz só com um abraço!»
in Sem Chance