Esta é a
história que não posso contar nas páginas dos jornais. O enredo não é nada de
novo e muito menos traz qualquer novidade ao mundo literário. Contá-lo? Foi a
pergunta mais sombria que se me colocou nos últimos meses. Mas ela merece que a
conte. A imagem não me sai da cabeça. Tenho saudades. Confesso que jamais
pensei que isso iria sentir-se mas a sua ausência perturba-me imenso.
O cheiro a mar. Vê-la a correr
de braços abertos pelo areal e a fugir às ondas, qual gaivota feliz.
A chuva era imensa naquela
noite. A trovoada apareceu pela madrugada e quando falhava a luz, só as velas
ajudavam a afugentar as silhuetas que entravam quarto adentro cada vez que o
trovão entrava mesmo sem bater. Levantei-me num ápice. As velas costumavam estar
na gaveta da cozinha. Entre o ranger da porta e os clarões da trovoada, a minha
sombra mais parecia um fantasma naquela casa tão grande.
Nem as minhas viagens a Coimbra
demoravam tanto como atravessar o corredor até à cozinha. Um ruído pouco
habitual chamou-me a atenção. Não era medo. Era a sugestão de não saber o que
esperar. Mais um clarão e o Tobias é transformado num tigre gigante.
- Pobre
gato, também não consegues dormir com este temporal?
Uma festinha e lá foi ele para o
caixote de cartão ali debaixo de um cadeirão ao lado do quarto de Joaninha. Estava linda! Cresceu mesmo. Nem na faculdade
via mulheres tão lindas. Se correr bem para o próximo ano também vai para lá.
- Alto lá! Espera! Vou-me
esconder aqui atrás do cadeirão. A mãe de Joaninha vem da cozinha com o…
folhetim #1