sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O mais belo conto de Natal


 “Vou buscar um paninho para cobrir o Menino.”
Salvador, 2 anos

     Lindo. Simplesmente magnífico. A inocência desta criaturinha de Deus. A ternura de um olhar sincero. Ainda lhe tentei explicar que o Menino não precisava porque as palhinhas eram quentes e a vaquinha e o burrinho também protegiam o menino com o seu respirar. Mas nada adiantou. Estava decidido. Não conseguindo mais nada, Salvador trouxe um pano de cozinha para aquela imagem que cabe na palma de uma mão. O importante era cobrir o Menino.
     - Não é preciso – disse eu. – É, é. Responde o Salvador de voz forte e determinada.
     O primeiro pano era enorme para um menino tão pequenino, mas como não o consegui demover da imagem de presépio convencionada, a qual nunca questionei, nem em sonhos, sugeri que pedisse um pano pequenino. Salvador logo se apressou a pedir à Avó: “Bózita, dá-me um paninho para cobrir o Menino.” Como é óbvio, a Avó logo se apressou em resolver o problema e encontrar a melhor solução.
    Isto não é uma estória, é mesmo a história mais bonita. A história de uma criança que sentiu um menino desprotegido no meio de todas aquelas figuras com as suas próprias vestes. O Menino não podia ficar ali ao frio. Os meninos não podem ficar ao frio. As pessoas têm de estar cobertas e protegidas.
   Quantas vezes pensámos nisto? Quantas vezes pensamos naqueles que têm frio, fome, sede e, principalmente, atenção? Bem pelo contrário. As preocupações dos adultos resumem-se às maiores futilidades de uma sociedade consumista que não sabe celebrar um Natal sem prendas. Tantas e tantas vezes essas prendas só servem de alegria durante dois minutos, o tempo suficiente para abrir e colocar na prateleira.
     O Natal é muito mais do que isto. O Natal é a celebração do nascimento. A festa da Família. A riqueza dos presentes da união, partilha e toda aquela alegria proporcionada pela azáfama das crianças nas casas onde se juntam os avós, os pais, os filhos, os primos, os sobrinhos, os tios… esta é a maior alegria do Natal.
   Aproveitando este lindo conto e ensinamento de um menino de 2 anos, desejo que seja simplesmente NATAL nas vossas casas.
Pedro Miguel Sousa, in Jornal Povo de Fafe (21-12-2012)