Respeito mas não concordo!
Liberdade, igualdade e fraternidade são princípios
orientadores de gente que pensa e que procura o equilíbrio entre seus
semelhantes, todo o homem é livre!
Na
última Assembleia Municipal, sendo esta extraordinária para debater a junção de
freguesias, notou-se claramente o único propósito na junção de certas aldeias: dar
oportunidade de recandidatura a alguns presidentes de junta em fim de mandato. Embora
o objetivo primasse pela votação unanime, visto que o Executivo não apresentou
uma proposta e transferiu para a Assembleia a apresentação de uma proposta e
essa é que seria votada, aconteceram dois erros graves na elaboração e
posterior votação: em primeiro lugar, a Comissão composta pelo Presidente da Assembleia
e um Membro de cada partido não só foi obrigada a ‘fechar-se em copas’, através
de um acordo de cavalheiros que nada transmitiriam para o exterior, até que a
proposta chegasse à Assembleia (obviamente uns cumpriram e outros não, porque o
Jornal Notícias de Fafe obteve o mapa primeiro que os membros da própria
assembleia), mas também existiu a desresponsabilização de toda a Comissão, logo
no início da Assembleia, quando o Presidente afirma e reafirma que a proposta
apresentada não vinculava os seus membros à mesma; Em segundo lugar, não
existiu uma apresentação formal aos membros da Assembleia dos critérios
orientadores para a formulação da proposta.
Na
nossa opinião, depois de presenciar e analisar o seguimento desta proposta de
reorganização, consideramos que só existiu um único objetivo e esse não ‘olhou
a meios para atingir os fins’, ultrapassando todos os limites aceitáveis num
estado de direito e num país que presa os valores de Abril. Ao contrário do que
afirmou José Ribeiro, Presidente da Autarquia, ao Correio da Manhã, ridículo
não é: «as pessoas que participaram na elaboração da proposta votarem contra»,
ridículo é ‘fazer tudo às escondidas, fazer de conta que a proposta caiu do céu
e não explicar aos membros eleitos democraticamente quais os critérios seguidos
para juntar umas freguesias e deixar outras, a maioria com menor número de
habitantes ou eleitores.
Nunca
tivemos dúvidas que a proposta iria passar. O número de eleitos pelo PS está em
maioria e, por isso mesmo, tudo o que vai de acordo com os interesses
político-partidários foi, é e será aprovado, mesmo que isso ponha em causa
questões de maior interesse para as comunidades e a sua qualidade de vida. Este
mapa só foi aprovado por medo, por parte daqueles que se apressaram em votá-lo,
do que pudesse vir de Lisboa, uma vez que se fosse Lisboa a definir, os
interesses partidários poderiam ser abalados.
Por
tudo isto questionamos: perguntou-se ao povo onde queriam o Monumento da
Justiça, não se poderia ter questionado o povo no que respeita à junção de
freguesias? Quem melhor do que os próprios habitantes para mostrar as suas
ligações culturais, artísticas, patrimoniais, festivas… a outras freguesias?
Qual a ligação de Silvares e Armil? Ou Moreira e Várzea Cova? Não seria mais
lógico: Silvares S. Martinho e Silvares S. Clemente? Moreira e Ribeiros? Ou
será que Silvares S. Marinho e Moreira não deveriam ficar sozinhas como tantas
outras com menos população?
Bem,
conhecer os critérios de seleção era o mínimo exigido. Não explicar os
critérios, ou melhor ‘esconder os critérios’ é inaceitável.
Votei
e votaria novamente contra, porque não faz parte da minha forma de ser e estar
perante a vida simplesmente aceitar o que me impõem. Olhem: é a vida!
Pedro Miguel
Sousa, in Jornal Povo de Fafe (20-10-2012)