Exmo.
Sr. Presidente da Assembleia e restante mesa;
Exmo.
Sr. Presidente da Câmara, Senhoras e Senhores Vereadores;
Minhas
Senhoras e Meus Senhores
Agradeço,
desde já, a Vossa atenção para três pontos:
a) Recebi um cheque no valor de 76,32
(setenta e seis euros e trinta e dois cêntimos). Logo me apercebi que o valor é
exagerado para quem nada produz. Esta é a terceira reunião em que participo e
já me apercebi que a maior parte dos membros presentes em nada contribui para a
discussão sobre os diversos pontos em análise nas Reuniões das Assembleias.
Isto não é apenas mau - é péssimo - para a democracia, porque em nada
contribuem para uma cidadania participada e muito menos para realmente
representarem aqueles que neles votaram.
Será altura para repensarem a sua função
nesta casa: ou são verdadeiros representantes ou, como se diz em linguagem
teatral, jamais passarão de umas marionetas ao comando de um qualquer
malabarista;
b) Uma segunda questão prende-se com as
observações apontadas pelos participantes mais ativos: nota-se claramente uma
opção pela cidade e o seu espaço e nada ou muito pouco se fala sobre as
freguesias. Será que isto quer dizer que está tudo bem nas freguesias?
Os senhores Presidentes estão
satisfeitos?
Eu tenho sérias dúvidas, até porque na
minha freguesia existe uma falta enorme de recursos, há muito prometidos nesta
mesma sede (estrada do saibro; praia fluvial do avial;…) e que se
intensificaram desde as últimas eleições com a vitória do Partido Socialista
através:
- Eliminação da internet a 1€/mês;
- Eliminação das aulas de música com
dezenas de jovens;
- A taxação para todos os requerimentos…
…
c) Para terminar, gostaria de deixar uma
observação sobre alguns pontos sobre “Educação,
Cultura, Arte, Património e Turismo” que me parecem essenciais para o
progresso e qualidade de vida dos cidadãos, mas que a autarquia teima em
desrespeitar ou, pelo menos, não levar a sério e que podem representar uma
mais-valia num tempo em que as ‘indústrias criativas’ se afirmam como alavanca
de progresso.
Quando
observo as opções deste executivo sobre estas áreas, são muitas as
interrogações que se me colocam. Confesso que tenho uma enorme estima pessoal e
intelectual pelo Senhor Vereador da Cultura, Dr. Pompeu Martins, e talvez por
isso ainda mais acentue as minhas questões, as quais gostava de ver
esclarecidas:
1 – Quando há intervenções sobre o
património, o Vereador da Cultura é ouvido?
Só encontro três hipóteses possíveis:
a) É ouvido e é feito o que ele
determina;
b) É ouvido, mas ninguém lhe dá crédito;
c) Não é ouvido.
Deixo as respostas para o próprio
executivo discutir depois, mas quero fundamentar apenas com alguns exemplos:
Quem é o responsável pela intervenção:
-
No desmantelamento da Escola da Feira Velha e na posterior alienação do
património a particulares?
-
Na Ponte Românica das Romãs, Rua de Pardelhas, Fafe, parcialmente destruída para dar
lugar à nova ponte de betão?
- Restauro da ponte de Sangidos, também conhecida por ponte de Bouças, (onde colocaram pedra azul sobre
pedra velha, sendo que as pedras da ponte, segundo um pedestrianista me
informou, se encontram no fundo do regato…?)
-
O Moinho de Regadas, que só interferia por 1metro no projeto, não haveria
alternativa?
…
Será
que se estão a perceber que estão a destruir património?
Património que poderia, tantas vezes,
servir para abrigo de projetos culturais e artísticos (escolas); Património que
deveria ser requalificado e integrar roteiros turísticos; … ???????
Agora, mesmo para concluir, gostava
apenas de deixar uma última nota:
Já todos nos apercebemos que Fafe ainda
tem algum património em pé e, agora só os mais atentos, sabemos que há quem
aproveite com qualidade os recursos ou quem simplesmente o despreze. O Senhor
Vereador da Cultura sabe que há uns tempos uma associação lhe entregou um
projeto para requisitar uma escola e nela construir um espaço de dinamização de
atividades culturais, formativas e proceder à montagem do Museu do trabalho
rural e das tradições do Minho.
O senhor vereador agiu como todos têm
agido e referiu: a escola tem de ser entregue à junta.
O problema reside aí, pois há juntas que
têm capacidade, como Aboim e o seu Moinho de Vento, mas há outras que entregam
tudo às associações em que eles próprios fazem parte dos órgãos diretivos, como
acontece com Regadas.
Sabem o que se faz na Escola de Regadas
normalmente? Um ensaio do rancho por semana.
Não seria mais proveitoso se a Câmara
entregasse a administração dos espaços a quem apresentasse os melhores projetos
de dinamização? Juntas, associações… Como acontece com as candidaturas ao IPDJ
que todos conhecemos… Até poderiam ser por um ano com avaliação no final…
Certamente que a comunidade fafense
ficaria a ganhar e era conseguido o ‘retorno’ que o Senhor Vereador defende, no
artigo hoje publicado e que eu aprecio, no jornal Povo de Fafe.
Pedro Sousa, Intervenção na Assembleia Municipal de Fafe, 28 de Setembro de 2012.