segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Intervenção na Assembleia Municipal de Fafe – 28 de Setembro de 2012


Exmo. Sr. Presidente da Assembleia e restante mesa;
Exmo. Sr. Presidente da Câmara, Senhoras e Senhores Vereadores;
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Agradeço, desde já, a Vossa atenção para três pontos:

a) Recebi um cheque no valor de 76,32 (setenta e seis euros e trinta e dois cêntimos). Logo me apercebi que o valor é exagerado para quem nada produz. Esta é a terceira reunião em que participo e já me apercebi que a maior parte dos membros presentes em nada contribui para a discussão sobre os diversos pontos em análise nas Reuniões das Assembleias. Isto não é apenas mau - é péssimo - para a democracia, porque em nada contribuem para uma cidadania participada e muito menos para realmente representarem aqueles que neles votaram.
Será altura para repensarem a sua função nesta casa: ou são verdadeiros representantes ou, como se diz em linguagem teatral, jamais passarão de umas marionetas ao comando de um qualquer malabarista;

b) Uma segunda questão prende-se com as observações apontadas pelos participantes mais ativos: nota-se claramente uma opção pela cidade e o seu espaço e nada ou muito pouco se fala sobre as freguesias. Será que isto quer dizer que está tudo bem nas freguesias?
Os senhores Presidentes estão satisfeitos?
Eu tenho sérias dúvidas, até porque na minha freguesia existe uma falta enorme de recursos, há muito prometidos nesta mesma sede (estrada do saibro; praia fluvial do avial;…) e que se intensificaram desde as últimas eleições com a vitória do Partido Socialista através:
- Eliminação da internet a 1€/mês;
- Eliminação das aulas de música com dezenas de jovens;
- A taxação para todos os requerimentos…

c) Para terminar, gostaria de deixar uma observação sobre alguns pontos sobre “Educação, Cultura, Arte, Património e Turismo” que me parecem essenciais para o progresso e qualidade de vida dos cidadãos, mas que a autarquia teima em desrespeitar ou, pelo menos, não levar a sério e que podem representar uma mais-valia num tempo em que as ‘indústrias criativas’ se afirmam como alavanca de progresso.
                Quando observo as opções deste executivo sobre estas áreas, são muitas as interrogações que se me colocam. Confesso que tenho uma enorme estima pessoal e intelectual pelo Senhor Vereador da Cultura, Dr. Pompeu Martins, e talvez por isso ainda mais acentue as minhas questões, as quais gostava de ver esclarecidas:

1 – Quando há intervenções sobre o património, o Vereador da Cultura é ouvido?
Só encontro três hipóteses possíveis:
a) É ouvido e é feito o que ele determina;
b) É ouvido, mas ninguém lhe dá crédito;
c) Não é ouvido.

Deixo as respostas para o próprio executivo discutir depois, mas quero fundamentar apenas com alguns exemplos:
Quem é o responsável pela intervenção:
- No desmantelamento da Escola da Feira Velha e na posterior alienação do património a particulares?
- Na Ponte Românica das Romãs, Rua de Pardelhas, Fafe, parcialmente destruída para dar lugar à nova ponte de betão?
- Restauro da ponte de Sangidos, também conhecida por ponte de Bouças, (onde colocaram pedra azul sobre pedra velha, sendo que as pedras da ponte, segundo um pedestrianista me informou, se encontram no fundo do regato…?)
- O Moinho de Regadas, que só interferia por 1metro no projeto, não haveria alternativa?

Será que se estão a perceber que estão a destruir património?
Património que poderia, tantas vezes, servir para abrigo de projetos culturais e artísticos (escolas); Património que deveria ser requalificado e integrar roteiros turísticos; … ???????

Agora, mesmo para concluir, gostava apenas de deixar uma última nota:
               
Já todos nos apercebemos que Fafe ainda tem algum património em pé e, agora só os mais atentos, sabemos que há quem aproveite com qualidade os recursos ou quem simplesmente o despreze. O Senhor Vereador da Cultura sabe que há uns tempos uma associação lhe entregou um projeto para requisitar uma escola e nela construir um espaço de dinamização de atividades culturais, formativas e proceder à montagem do Museu do trabalho rural e das tradições do Minho.

O senhor vereador agiu como todos têm agido e referiu: a escola tem de ser entregue à junta.

O problema reside aí, pois há juntas que têm capacidade, como Aboim e o seu Moinho de Vento, mas há outras que entregam tudo às associações em que eles próprios fazem parte dos órgãos diretivos, como acontece com Regadas.

Sabem o que se faz na Escola de Regadas normalmente? Um ensaio do rancho por semana.

Não seria mais proveitoso se a Câmara entregasse a administração dos espaços a quem apresentasse os melhores projetos de dinamização? Juntas, associações… Como acontece com as candidaturas ao IPDJ que todos conhecemos… Até poderiam ser por um ano com avaliação no final…

Certamente que a comunidade fafense ficaria a ganhar e era conseguido o ‘retorno’ que o Senhor Vereador defende, no artigo hoje publicado e que eu aprecio, no jornal Povo de Fafe.

Pedro Sousa, Intervenção na Assembleia Municipal de Fafe, 28 de Setembro de 2012.