sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Fafe, terra das merendas


Vamos comer uma merenda…
Uma paisagem singular faz de Fafe uma terra aprazível. Rios e ribeiros, campos e montes contrastam numa natureza invejável para quem consome fumos e ruídos citadinos diariamente. As casas de turismo rural, as residenciais e o hotel, bons restaurantes, cafés, bares e discotecas preenchem os dias e as noites de todos os que procuram visitar este concelho. Um património muito diversificado, ainda que pouco ou nada preservado, começa a despertar a atenção de alguns que há muito sabem que é na preservação dos bens materiais e imateriais que se constroem as identidades de qualquer região. Afinal, o que faz falta?
A resposta seria fácil para os amigos da luta, logo nos lembrariam que ‘o que faz falta é animar a malta’. Atendendo a esta deixa, até porque a vida é curta, resolvemos inverter alguns pensamentos para tentar compreender o que motiva os nossos governantes a insistirem em altos passeios, sempre ao mesmo local – famosa Quinta da Malafaia. São vários autocarros que anualmente se perfilam de Fafe à Malafaia. Qual o objectivo? Apenas um, todos sabemos, mas vamos deixar esse de lado, porque é do conhecimento comum, e vamos analisar esta aderência em massa. Ou seja, se todos os anos há tanta gente a participar, se há governantes que incentivam a esta movimentação e até os há que dizem que o que as aldeias precisam é deste tipo de coisas porque os mais jovens não querem saber de nada… não seria importante incentivar à abertura das tradicionais tascas?
Ouve-se tantas vezes: ‘Faz-me lá esse favor que depois vamos comer uma merenda’; ‘Temos de ir comer uma merenda’.
A cultura de Fafe está sobretudo no estômago e é ele que permite muitas das vezes com que os lugares melhores sejam para os que vão pagando umas merendolas. Haverá necessidade de fugir da realidade e querer mostrar o que não se é? Fafe é mesmo isto, terra de tainadas, o que não tem de ser um defeito se aproveitar a sua excelente gastronomia e se tornar uma referência em toda a região norte e quiçá além fronteiras.
Agora, se juntarmos às belas paisagens o sabor e aroma dos alimentos, Fafe ficará a ganhar numa aposta que criará empregos através do investimento em casas de repasto de qualidade excelente.
Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (07-10-2011)