sábado, 16 de outubro de 2010

O PS queria um cheque em Branco do PSD?

Começa a ser ridículo ouvir todos os dias as mesmas notícias. Como se já não bastasse a situação caótica em que vive o país, agora temos esta tentativa de aprovar o orçamento sem antes o discutirem, era o que mais faltava, não?
A responsabilidade política não pode ser levada pela teoria do coitadinho ou como lhe chamam os entendidos ‘teoria da vitimização’. Se há crise é porque aconteceu alguma coisa. Se esta tem a ver com questões da natureza, existem ajudas humanitárias, mas se esta é agravada e causada por políticas irresponsáveis, devem tirar-se conclusões e não deixar com que nos usem como bodes expiatórios para o fracasso de alguns.
Para o PS era muito fácil: existe uma crise, todos votam favoravelmente no orçamento e o que vem a seguir é culpa de todos, porque o aprovaram. Se não votam favoravelmente ‘demito-me’, dizia o Primeiro-ministro, mas será que estamos no tempo de criança em que os miúdos fazem birra se não lhes emprestarem o brinquedo e dizem ‘se não me emprestares vou embora’?
Por que será que o Eng. Sócrates não mostra logo esse dito orçamento, se precisa de uma resposta urgente? Será que prefere a aprovação ou a reprovação daria mais jeito?
Passos Coelho afirmou que se não fossem as eleições presidenciais apresentaria uma moção de censura ao governo, precisamente por este governo querer passar uma imagem contrária ao que está previsto pelos analistas internacionais relativamente ao défice, o que me surpreendeu logo a seguir foi ver um comentário de um socialista no sentido de afirmar que estas declarações não eram boas para o país, porque deixa uma má imagem junto dos bancos internacionais.
Este foi o momento que mais me elucidou relativamente ao comportamento humano que se vem repetindo, ou seja, as pessoas cometem erros e depois não querem ser desmascarados alegando que é mau para a instituição, a freguesia ou cidade e o país. Se querem ser bem vistos, por que não fazem as coisas sem prejudicar os outros e sem querer todos os tachos para eles ou seus familiares e amigos? É que isto começa mesmo a notar-se em todo o lado…
No meio destas trapalhadas todas, concluímos que o país está mesmo em crise monetária e de valores. As pessoas são cada vez mais egoístas e acabam por ser enganadas, basta utilizar umas palavras ‘delicodoces’ e às vezes baterem-lhes com as mãos nas costas ou levá-las a encher o bandulho em comezainas pagas por todos nós ao som do ‘tiroliroliro’. Manuela Ferreira Leite, apesar de eu não ter gostado de várias atitudes enquanto presidente do partido, alertou para o que estava para chegar, mas ninguém lhe deu importância. Neste momento, é caso para voltar a acreditar na velha máxima «quem te avisa, teu amigo é».

Pedro Miguel Sousa
in Jornal Povo de Fafe (15-10-2010)