domingo, 26 de setembro de 2010

A Universidade, uma Escola de Vida

Numa altura em que milhares de estudantes regressam às Universidades ou Politécnicos, importa relembrar a importância que a educação tem na formação da pessoa. Muito mais do que qualquer especialização técnica, o Curso Superior permite criar no indivíduo uma maior capacidade de se adaptar a novas realidades, atendendo ao seu objectivo na formação crítica sobre as coisas, mas deve ser tomado com a humildade que o mesmo o exige.
Entrar no ensino superior não deve ser encarado como uma marca de superioridade sobre os outros, deve apenas ser a nossa marca de mais uma meta alcançada. Ninguém é superior a ninguém, mas também ninguém é inferior. Durante o processo de formação, sobretudo nas aldeias, onde as pessoas se conhecem melhor, muitas são as vozes que se ouvem quando não se concorda com determinados comportamentos, por exemplo, ‘já tem a mania que sabe’, ‘já pensa que é doutor’… o certo é que estas são as vozes da pouca formação e, infelizmente, Portugal ainda está muito atrasado a esse nível.
Certamente que não é a ‘doutorice’ que nos torna superiores, até porque conhecemos todos muitos ‘doutores de província’ que se julgam estatutariamente superiores em sabedoria e depois tomam as atitudes do mais baixo nível, tendo uma capacidade tremenda para usar e abusar dos outros e ainda querem ser tratados como verdadeiros ‘senhores da alta sociedade’. A maior parte das vezes são estes os primeiros a tentar desanimar a nossa investida, porque têm medo de ser ultrapassados. Se fossem bons profissionais ficariam felizes, porque um verdadeiro mestre é ‘aquele que consegue dar formação de tamanha qualidade que o seu educando continua a investigar e o vai ultrapassar’.
A minha geração é uma geração de transição, pois apanhamos com todas as modas possíveis e imaginárias desde a geração rasca, porque não obedecíamos aos pequenos poderes, ao mundo de trabalhos precários. Antigamente só podia estudar quem tivesse muitas capacidades económicas, depois apareceu o 25 de Abril que formou muita gente na secretaria e, muitos destes, tomaram o poder como sendo seu, o que nos atira para um estado cada vez mais preocupante na sua caducidade. Contudo, hoje o mundo obriga-nos a uma aposta constante na formação e, sem qualquer sombra de dúvida, este é o caminho mais correcto para que possamos fazer uma revolução cultural, onde os confrontos não têm armas senão a da inteligência.
Partindo sempre do princípio que todos somos pessoas, libertos de importantismos, e que precisamos de tudo e de todos para a nossa sobrevivência e qualidade de vida, aproveito para desejar muitas felicidades aos novos caloiros, um cumprimento que se estende às respectivas famílias, pois bem sabemos que é um momento único e que marcará a vida para sempre.
Pedro Miguel Sousa,
in Jornal Povo de Fafe (24-09-2010)