domingo, 21 de março de 2010

A Teatralidade na Comunicação Social

A Teatralidade na Comunicação Social é um tema que nos parece importante retratar numa época festiva para o Jornal Povo de Fafe. São 70 anos ‘ao serviço’ de Fafe ou ‘ao serviço’ de uma linha editorial que se rege pelos princípios cristãos. É, precisamente, esta expressão que nos merece destaque: ‘ao serviço’. Afinal, quem está ‘ao serviço’ de quem?
Não seria minha a escrita se não iniciasse um pouco de tom provocativo, mas desta vez prometo seguir uma linha mais científica, que vá de encontro ao que um leitor atento pode esperar dos seus escritores, poetas ou apenas relatores de um jogo qualquer.
Na vida, em tudo que a rodeia, há sempre uma certa teatralidade. O que, entenda-se, não representa um tom negativista, apenas pretende mostrar a real situação dos factos. Há momentos em que o destaque é de grande relevo, mas outros há em que o relevo é pouco elevado porque se trata de assuntos perturbadores na sociedade.
10 anos ‘ao serviço’ da Comunicação Social, sendo os últimos 5 no Povo de Fafe, permitiram-me conhecer o agradável que é comunicar, mas também os dissabores de descrever a realidade ou de opinar livremente. Entre as mais variadas formas de escrita, reconheço um tom elevado quando se trata de desigualdades ou tramas sociais, mas não me revejo de todo numa minoria soberana, o que me leva a levantar questões que seriam bem mais fáceis se não existissem.
Quantas vezes me pediram para não escrever sobre certos assuntos e quantas outras para dizer bem de certos grupos. Isto é teatro puro. São as próprias pessoas a representar um papel para a sociedade, o problema é que o crítico de teatro tem de ter distanciamento para poder escrever com exactidão. O mesmo se passa com o bom jornalista que investiga, vai ao local, interroga todas as pessoas e redige apenas o que estas relatam.
Numa idade adulta jornalística do Povo de Fafe, 70 anos, achei por bem questionar também o meu percurso e questionar a minha posição jornalística. Devo destacar que já há muito me apercebi o que me tornaria um homem amado nas elites, bastava que as minhas palavras fossem as mais belas, mas este não seria eu, não seria autêntico, não seria o autor, não seria principalmente justo para os leitores, nem para o Jornal POVO de FAFE, que merece todo o meu respeito e a minha dedicação.
Tudo o resto é teatro!
in Jornal Povo de Fafe (19-03-2010)
Pedro Miguel Teixeira Sousa