terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Foi você que pediu um bom tema?

Tratado informal sobre Jornalismo Regional
2009 está no fim! As intempéries continuam, a crise ainda é sentida e os buracos continuam nas estradas à espera de uma solução adiada sine die. Anos após ano repetem-se as temáticas: fome, cheias, corrupção, agressões, subornos… falsificação de assinaturas… e, de vez em quando, lá aparecem umas coisas boas para nos alegrar a memória.
Com o ano a finalizar, parece-nos oportuno salientar a importância da escrita e as reacções que esta provoca. Na verdade, o jornalismo regional é estimulante. Há leitores para todos os gostos, uns porque gostam sempre, outros às vezes e alguns nunca… mas tudo na vida é assim! O que mais nos surpreende não são os que gostam sempre e muito menos os que não gostam nunca, porque esses são previsíveis, mas sim os que gostam umas vezes e outras não. Nestes encontramos as reacções mais curiosas e é para eles que nos direccionamos. Ora vejamos, uns têm opinião sobre o que vai acontecendo e confrontam o que escrevemos, ora concordando ora discordando, outros só gostam quando dizemos coisas bonitas, porque se dizemos coisas menos bonitas (tão verdade quanto as bonitas) dizem ‘ele até é bom rapaz, mas não devia escrever o que escreve’.
Então? Será que só se deveria escrever o que é bem feito? Então por que não se faz só o bem? Era melhor para todos!
As conclusões são muito fáceis de tirar: primeiro – o jornalismo regional é muito próximo dos leitores, o que leva a que se tente identificar a escrita com a pessoa, logo quem escreve tem de seguir uma linha com princípios bem definidos e nunca se desviar; segundo – se estamos envolvidos em partidos ou associações, há quem identifique a pessoa como tal e nunca a vê com o distanciamento que deve sempre existir; terceiro – há pessoas que só queriam que dissesse bem delas, mesmo que façam totalmente o contrário.
Neste sentido, ser jornalista na imprensa regional torna-se mais difícil do que numa imprensa nacional, uma vez que as exigências são mais fortes e os ânimos são sentidos directamente. Passar ao lado de tudo isto só se consegue com algum profissionalismo, ainda que nem sempre se consiga ver isso em todos os jornalistas da imprensa regional. Contudo, ainda que não sejamos profissionais no jornalismo regional, a experiência de nove anos mostra-nos que neste tipo de jornalismo ‘só consegue ter qualidade na informação quem despe as camisolas clubistas e partidárias e descreve a realidade de todos os ângulos, na opinião só é autêntico quem defende os verdadeiros valores morais sem se preocupar se vai atingir o grupinho lá da terra ou os fulaninhos, porque num jornalismo sério há só lugar para a verdade.
Em nome de um jornalismo convicto,
Desejamos um 2010 com muita alegria para todos os nossos leitores!
in Jornal Povo de Fafe (30/12/2009)
Pedro Miguel Sousa