sábado, 31 de outubro de 2009

A cultura e a indiferença

Numa sociedade que se diz culta e coloca a imponência humana como factor marcadamente vinculado à sua condição, é a indiferença que nos coloca como única saída aos grupos inúteis e vazios de ideias e conceitos.
A escolha do betão e alcatrão, em detrimento do humanismo evolutivo, reflectem a dinâmica de um ‘grupo ignóbil’ sem ideais pré-definidos.
Nenhuma sociedade evoluiu fruto de grandes investimentos estruturantes, sem que tivesse o seu preenchimento com a massa humana. As paredes não valem por si, mas é a actividade que estas permitem que originam essa evolução. Campos desportivos construídos em terras sem gente jovem, quando o que precisam é de lares ou centros de convívio, porque são idosos. Zonas industriais deslocalizadas, quando o progresso passa pela aproximação das empresas. Zonas florestais que passam a óptimos locais de construção, zonas de construção que não podem passar a zona de comércio… apenas por simples conveniência económica ou política.
Alguns serão conhecidos porque estiveram lá, outros porque permitiram que a humanidade evoluísse e, ainda, há aqueles que nunca estiveram lá e nem vão estar, são os que de ideias não servem e obras não têm.
Cortar com as linhas traçadas pela imaginação é rasgar o que outros dizem, porque já atingimos o poder de dizer tudo o que pensamos e fazer o que queremos. Este é um sentimento indescritível, que só é visível nas linhas da ruptura, porque esta liberdade não é para todos, mas para quem pode!
A sociedade não evoluiu graças ao marasmo de gente que teima em ouvir silenciosamente os destacados num acaso, mas porque as rupturas com as estruturas, previamente definidas, permitiram uma nova visão crítica sobre o mesmo assunto e uma escolha de um risco calculado pela inteligência.
Dizer o que se pensa, sem olhar a quem, é uma tarefa que não é de todos. Nem tudo pode ser dito, mas tudo pode ser transmitido.
Se outros calam, cantemos nós!