sábado, 29 de outubro de 2022

Se os Professores fossem a Brigada de Trânsito… chumbava tudo!

 As atitudes ficam com quem as pratica, é bem verdade, mas andar a ‘pregar’ valores de cidadania aos jovens nas Escolas de pouco ou nada adianta se o mesmo Estado que tutela os Professores, dando orientações para que o ensino insira as aprendizagens essenciais com o objetivo de capitalizar todos os esforços e nenhum aluno saia excluído, é o mesmo que tutela a Brigada de Trânsito e lhes permite que se escondam em carros descaracterizados numa autêntica caça à multa.

Onde estão os valores da cidadania aplicados à sociedade?


É sabido que os automóveis ligeiros não dispõem de mecanismos para gravar a velocidade, o que torna impossível qualquer comparação ou refutação com os argumentos apresentados pelos elementos fiscalizadores no momento em que informam que o condutor seguia a uma velocidade superior à permitida por lei. Acresce ainda que após uma indicação para encostar, verificados os documentos do condutor e da viatura, as palavras proferidas são intimidatórias, uma vez que o condutor só tem a escolha de uma das opções: ou paga a multa ou os documentos serão apreendidos. Ora, estando já os documentos na posse do agente e necessitando dos mesmos para prosseguir viagem e poder usar a viatura para deslocação diária para o exercício das funções laborais, a opção do pagamento de multa é a solução escolhida, mesmo que se possa considerar exagerada a aplicação da coima.

Mas é este o melhor que o Estado pode fazer para combater a sinistralidade em Portugal?

Sem falsas modéstias, consideramos bem mais pedagógico a utilização de radares com aviso prévio e até a presença da GNR como força de sensibilização e proximidade, o que não se pode notar de todo quando a multa é conseguida com o recurso a carros descaracterizados.

E se os Professores fizessem o mesmo aos seus alunos? Achariam justo se o Professor, que bem sabe onde são os pontos mais fracos de cada aluno, fizesse exames apenas das matérias que estes não dominam?

O Estado também é isto, às Escolas exige que se trabalhem valores de cidadania e justiça social, mas depois deixa que outros se escondam para tramar os cidadãos!

 (In jornal Povo de Fafe)