A Escola que prepara os alunos para as Universidades ou mercado de
Trabalho, mesmo sem recursos financeiros, ou a Escola em que os seus alunos
pagam altas propinas e depois das aulas vão direitinho para casa dos seus
explicadores?
Os rankings das escolas voltaram a preencher várias páginas dos jornais
nacionais. Foram notícias em toda a comunicação social. Criaram discussões
acesas como todas as vezes que apareceram. Uns ficaram contentes porque todos
gostam de ir à frente. Outros, simplesmente, olharam para os resultados e não
ligaram mais, afinal, na sua Escola há preocupações diárias para que os alunos
possam ter pelo menos uma refeição quente por dia. Há tantos e tantos problemas
nas suas casas que conseguir tirar notas positivas, por mais pequeninas que
sejam, é uma vitória enorme e ultrapassa qualquer estatística disfarçada de
coisa boa, mas só interessa ao poder económico para que possam arrecadar mais
clientes para os seus estabelecimentos.
A quem interessam os números dos rankings? A quem interessam as pessoas dos
rankings?
O ensino precisa mais do que números. Não são as Escolas que estão mal.
Podem até ser os métodos de ensino a necessitar de uma profunda revisão, mas o
que falta mesmo é centrar a educação na pessoa em si. Há uma pergunta que tem
de ser feita em cada reação de um aluno: ‘Por que será que agiu desta forma?’
Esta foi uma das melhores lições que tive do Psicólogo, Poeta e, mais do
que tudo, meu camarada e amigo António Vilhena. Olhar o problema do aluno com
uma pergunta tão simples é mais do que suficiente para perceber que há todo um
fator humano a ter em conta antes de qualquer resultado ou atitude. Às vezes
não é nada fácil. Tantas vezes nós, os professores, nos sentimos impotentes
para os conflitos que já vêm de fora dos muros da escola. Mas é a simples
compreensão humana que leva à conversa, ao encaminhamento, à orientação daquele
ou daquela jovem que merece bem mais do que uma boa nota. Merece a vida. A vida
harmoniosa de quem é criança, adolescente ou até adulto que mais ninguém quer
sequer ouvir falar.
Esta é a Escola. Este é o ensinamento que os clássicos nos deixaram e
criaram Escolas e ensinamentos que todos seguimos sem questionar donde
surgiram. É tão pomposo lançar umas frases de Aristóteles, Platão, Sócrates,
Santo Agostinho quando nos servem, não é? Mas também deveríamos repensar a
sociedade tal como eles fizeram no seu tempo.
Qual é a melhor Escola? A Escola que formou a aluna que entrou em Medicina,
sem recurso a nenhum ou a reduzidos investimentos em explicações, no meio de
tantos outros que nem queriam saber de competições por médias, ou a Escola em
que a maioria dos alunos, depois de saírem das aulas, vão direitinhos para casa
dos seus explicadores?
Há muitos fatores que contribuem para o sucesso nos rankings. Investiguem,
não será difícil perceber. Quanto a nós, preferimos a Escola de Todos e para
Todos. A Escola que nos preparou para entrar na primeira opção, na velhinha,
mas encantadora, Universidade de Coimbra.
Obrigado, Escola Pública!