quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Aqueduto de Águas (e gentes) Livres

Há imagens que nos marcam na vida! Tenho um carinho especial pelo Aqueduto de Águas Livres em Lisboa e também por Lisboa. Foram semanas a fio, durante quase dois anos e meio, a atravessar a linha férrea de Sete-Rios a Alcântara, Alcântara a Moscavide, Moscavide a Alcântara e, depois de um dia de 12 horas de formação, com aqueles 10 minutos para uma sopa e uma bifana em frente, lá regressava novamente para Sete-Rios à espera do autocarro que me levaria até Coimbra.
Não foi fácil! Os trocados eram contados a cada instante. Lá no norte, onde a política e os políticos precisam de nós em tempo de eleições, ninguém imaginava a vida de um jovem professor de mochila às costas a contar trocos. Lá, no Norte, os centros de formação diziam 'não ser a Santa Casa da Misericórdia'. Mesmo que as recomendações tivessem políticos à cabeça. Ali, depois daqueles Arcos divinais, os Centros de Formação abriam as portas, mesmo sem recomendações...
Foi ali, depois dos Arcos, que aprendi a enfrentar o desconhecido. Também foi ali, na Lisboa de luz radiante, a promessa nunca mais viver assim. Hoje sei fazer projetos para mim, para ti e para ele ou ela. Hoje sei enfrentar o Adamastor como ninguém. Não espero recompensas, mesmo depois de tantos anos envolvido a passar horas gratuitas a construir ideias para mim e até mais para os outros. Peço, sim, que façam o mesmo pelos outros, para que estes continuem o ciclo da vida.
Hoje estou aqui, a olhar para os Arcos e a mochila que me acompanhou nestas aventuras amargas e doces também está ali, bem aos pés da cama, pronta para arrancar a qualquer momento.
Sou teimoso demais... e sou livre como as águas!