domingo, 11 de maio de 2014

O dia do cartolado

Já lá vão uns anitos. Onze, para ser mais preciso. Os meus pais e a minha irmã lá vieram para me dar aquele abraço que só eles sabem dar. O cortejo ainda era a uma terça-feira, não era fácil para o meu pai que trabalhava no turno da noite fazer aquela viagem quase sem dormir, mas veio ele, a minha mãe que também não trabalhou nesse dia e a minha irmã que teve de faltar às aulas.
São muitas as fotos que contam uma pequena história e poderia selecionar, mas esta é especial. Hoje vou ao cortejo. Já falta pouco. A malta da minha República já deve andar em reboliço. Deviam-se ter deitado há uma ou duas horas, a noite foi forte, mas os velhinhos começam a chegar e ninguém dorme mais. Bem, dormir nesta altura é brincadeira, estudante de Coimbra não dorme na Queima, só descansa.
«Ó Mãe, eu sou doutor…» embala-me os ouvidos. Mas sou mesmo. Não é que isso seja um assunto que entre no meu dia-a-dia. Não é o título. Todos sabem bem disso. Sou e pronto. Mas sou. E sou porque os meus pais, ainda que de recursos sempre controlados, nunca desistiram de mim… ou melhor… dizer de nós é mais apropriado. Os seus míseros salários eram uma vergonha nacional. Mas nunca faltou o pão, nem o arroz, nem a roupa, nem tudo o que fosse realmente preciso…
Esta é uma pequena homenagem. A maior está gravada nos meus diplomas onde se conjuga o meu nome com o deles, porque o meu curso também é deles.

Obrigado Pai, Mãe, Mana.