sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Brindar aos amigos com dinheiros públicos


     Se correr bem há lucros para os acionistas, se correr mal o Estado repõe o dinheiro!
     A mentalidade portuguesa dos gestores das empresas públicas ou público-privadas é uma enorme fraude. Estas empresas nunca perdem e jamais pensam em abrir falência, a não ser que já estejam assegurados outros taxos para os seus gestores. Como todos comem da mesma gamela nunca está em causa a sua dissolução. Os interesses falam bem mais alto.
     A reportagem sobre o caso BPN é apenas um exemplo claro do que um só Banco fez para que hoje a vida dos portugueses esteja infernizada. Este banco tem rosto, melhor ainda, tem vários rostos, todos eles ligados à vida política, perfilando nos dois maiores partidos deste pequeno país. E o que lhes acontece? São premiados com nomeações para altos cargos nacionais e internacionais. Viva a canalhice, viva a fraude, viva a estupidez de um povo calado e sereno que só serve para ‘ralhar’ quando não lhe dão as migalhas habituais.
     Estas situações não acontecem apenas nos bancos e nos grandes, vejamos bem ao nosso lado: será que não andam por aí algumas pseudoempresas, disfarçadas de autónomas, geridas por próximos do poder político, sem produzir nada de jeito, mas que dão prejuízo e nunca ficam mal nos orçamentos porque há sempre uma mãozinha para tapar os buracos que vão deixando?
     Portugal é isto! Um grupo de indivíduos endinheirados, outro de malta bem posicionada e muitos mais a aproveitar as migalhas que vão deixando escapar entre cada ferradela no mais saboroso dos manjares reais. E as lutas, as guerras? Estas são feitas pela classe baixa. Os pobres de espírito ou de cultura, porque não conseguem perceber que os grandes se protegem, jantam juntos e até partilham as mesmas festas. Se um perder, perdem todos. Isto passou-se com o BPN, dizem uns que era gerido por malta do PSD mas a verdade o PS não deixou cair. Seria pior para o país? Não! Seria apenas mau para os tais amigos, porque se o país indemnizasse os clientes do banco ficava-lhe bem mais barato do que a nacionalização.
     Mas, por que é que não se deixou cair o banco? Não era uma empresa privada? Não há tantas empresas privadas a abrir falência? Infelizmente há, o que faz o estado para as proteger? Nada, quando a maior parte das vezes bastava perdoar a dívida ou parte dela e a empresa continuaria a laborar e a produzir.
     Deixemo-nos de lamechices e comecemos a exigir mais os nossos direitos. No poder só prevalece lá quem nós quisermos. Enquanto só pensarmos nas nossas vidas, não receberemos mais do que migalhas. Contudo, na nossa opinião, quem tem o trabalho merece o pão inteiro.
Pedro Miguel Sousa