Se
correr bem há lucros para os acionistas, se correr mal o Estado repõe o
dinheiro!
A
mentalidade portuguesa dos gestores das empresas públicas ou público-privadas é
uma enorme fraude. Estas empresas nunca perdem e jamais pensam em abrir
falência, a não ser que já estejam assegurados outros taxos para os seus
gestores. Como todos comem da mesma gamela nunca está em causa a sua
dissolução. Os interesses falam bem mais alto.
A reportagem sobre o caso BPN é apenas um
exemplo claro do que um só Banco fez para que hoje a vida dos portugueses
esteja infernizada. Este banco tem rosto, melhor ainda, tem vários rostos,
todos eles ligados à vida política, perfilando nos dois maiores partidos deste
pequeno país. E o que lhes acontece? São premiados com nomeações para altos
cargos nacionais e internacionais. Viva a canalhice, viva a fraude, viva a
estupidez de um povo calado e sereno que só serve para ‘ralhar’ quando não lhe
dão as migalhas habituais.
Estas
situações não acontecem apenas nos bancos e nos grandes, vejamos bem ao nosso
lado: será que não andam por aí algumas pseudoempresas, disfarçadas de
autónomas, geridas por próximos do poder político, sem produzir nada de jeito,
mas que dão prejuízo e nunca ficam mal nos orçamentos porque há sempre uma
mãozinha para tapar os buracos que vão deixando?
Portugal
é isto! Um grupo de indivíduos endinheirados, outro de malta bem posicionada e
muitos mais a aproveitar as migalhas que vão deixando escapar entre cada
ferradela no mais saboroso dos manjares reais. E as lutas, as guerras? Estas
são feitas pela classe baixa. Os pobres de espírito ou de cultura, porque não
conseguem perceber que os grandes se protegem, jantam juntos e até partilham as
mesmas festas. Se um perder, perdem todos. Isto passou-se com o BPN, dizem uns
que era gerido por malta do PSD mas a verdade o PS não deixou cair. Seria pior
para o país? Não! Seria apenas mau para os tais amigos, porque se o país
indemnizasse os clientes do banco ficava-lhe bem mais barato do que a
nacionalização.
Mas,
por que é que não se deixou cair o banco? Não era uma empresa privada? Não há
tantas empresas privadas a abrir falência? Infelizmente há, o que faz o estado
para as proteger? Nada, quando a maior parte das vezes bastava perdoar a dívida
ou parte dela e a empresa continuaria a laborar e a produzir.
Deixemo-nos
de lamechices e comecemos a exigir mais os nossos direitos. No poder só
prevalece lá quem nós quisermos. Enquanto só pensarmos nas nossas vidas, não
receberemos mais do que migalhas. Contudo, na nossa opinião, quem tem o
trabalho merece o pão inteiro.
Pedro Miguel Sousa